quarta-feira, 30 de junho de 2010

Lançado site ''Operação Reconstrução''

Lançado site ''Operação Reconstrução''

Escrito por Fabiana Gonçalves


29 de Junho de 2010 às 19:52:50


O Governo de Pernambuco colocou hoje (29) no ar o site “Operação Reconstrução”. O endereço eletrônico vai concentrar todas as informações referentes às tragédias ocasionadas pelas chuvas em Pernambuco e as ações que compõem a Operação Reconstrução.

No site, os internautas também podem saber como ajudar os desabrigados. O e-mail de contato é o operacaoreconstrucaope@gmail.com.






Categoria: Pernambuco

Enchentes em Pernambuco – Como eu posso ajudar?

Enchentes em Pernambuco – Como eu posso ajudar?

Publicado 22/06/2010

Enchente arrasa Palmares

Palmares, 9h de ontem. No município pólo da Zona da Mata Sul de Pernambuco, distante 121 quilômetros do Recife, as cenas eram típicas de uma guerra. Homens do Exército e do Corpo de Bombeiros, montados em quatro botes de borracha, atravessavam ruas transformadas em rios, brigando até contra fortes correntezas para salvar as pessoas dependuradas em telhados e no alto das árvores. Na luta pela sobrevivência, centenas de pessoas andavam atordoadas para escapar de uma das maiores enchentes da história da cidade de 70 mil habitantes.

O temporal dos últimos dias provocou o transbordamento do rio Una, que inundou pelo menos oito bairros, deixando, de acordo com os primeiros cálculos, 12 mil desabrigados. No Hospital Regional, um dos maiores de toda a região, a água atingiu o primeiro andar, destruiu os equipamentos, obrigando os voluntários a fazer um resgate dramático de 160 pacientes, sendo 14 em estado grave. A ponte da BR-101 Sul foi interditada e, no final da tarde, já sofria com o aumento de volume do rio, que cobria a pista. As pontes de Santa Terezinha e Japaranduba caíram e um voluntário estava desaparecido até às 17h.

Sem água, luz, cortada ainda de madrugada, e telefones convencional e celular, a cidade estava realmente ilhada, dando muito trabalho aos centenas de voluntários e 70 homens de seis grupamentos de bombeiros da região, além de quatro guarnições do Exército. Na localidade das Pedreiras, junto ao rio, pelo menos 40 casas foram comprometidas pela água e toda a comunidade ficou submersa.

A enchente também atingiu em cheio a Cohab I, a Usina 13 de Maio, Santo Onofre e Santa Luzia, que tiveram desabamentos de barreiras. No Centro, o volume de água chegou a mais de dois metros em algumas ruas, cobrindo carros e arrastando botijões de gás, além de animais mortos. Pelo menos 15 casas caíram. “Eu nunca vi isso desse jeito. As barragens de Panela de Miranda e Cupira transbordaram de madrugada e o rio começou a subir de repente e ninguém conseguiu salvar nada”, afirmou o voluntário José Carlos Barros dos Santos, 21, que estava ajudando a retirar as pessoas dos locais mais prejudicados.

A enchente do rio Una pegou o comércio de Palmares de surpresa. No pátio da Sulanca e na feira o sinal era de desespero. “Eu posso afirmar que o prejuízo do comércio é de no mínimo R$ 10 milhões”, declarou Sinho Bezerra da Silva, dono do Hotel Poeta dos Palmares, o maior da cidade. “Muita gente quebrou hoje, pode ter certeza. Eu acho que no frigorífico em que eu trabalho já passou dos R$ 500 mil”, acrescentou Ludimar de Oliveira, funcionário do Friscal.

Nem o poder público conseguiu escapar da força das águas. A rua da prefeitura municipal ficou intransitável. O Fórum, o cartório e Casa da Justiça foram inundadas, tendo o volume da enchente alcançado mais de 1,7 metro de altura. “Não fomos lá ainda, mas já imaginamos o prejuízo. Não sei como vai ser possível fazer uma eleição em outubro”, lamentou Noel de Paula, funcionário da Justiça.

O drama de Palmares foi acompanhado de perto pelo representante da Secretaria de Saúde do Estado, Eduardo Sá Barreto. Desesperado, após passar a noite ilhado no Hospital Regional, conseguiu ser resgatado pelos bombeiros, completamente molhado e ansioso em encontrar um telefone público para repassar as informações ao governo. “Precisamos urgentemente de soro, remédios para dor e para problemas respiratórios”, disparou.

Fonte: JC OnLine

Como eu posso ajudar?
Doações para as vítimas das chuvas em Pernambuco
Se alguém quiser ajudar as vítimas dessas enchentes, há várias igrejas cristãs atuando diretamente. Abaixo, o contato de algumas igrejas para quem quiser fazer doações:

Igreja Evangélica Água da Vida
Contato: vspimentel@gmail.com

Igreja Presbiteriana de Boa Viagem
Contato: ipbv@ipbv.org.br

Enchente em Alagoas
Enchentes atingem Alagoas. Veja a Cobertura no Último Segundo.
UltimoSegundo.iG.com.br/Alagoas




1 Resposta para “Enchentes em Pernambuco – Como eu posso ajudar?”
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1 claudia andreia da silva santosos
27/06/2010 às 4:08 pm
procuro meus parentes da cidade de palmares o nome deles são jose amaro da silva




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Caixa Econômica recebe doações para desabrigados do Nordeste

Caixa Econômica recebe doações para desabrigados do Nordeste
Agências e lotéricas arrecadam donativos

30/06/2010 - 08:05

EPTV.com - Isabela Leite

A Caixa Econômica Federal também está arrecadando donativos para as vítimas das enchentes que atingem o Nordeste do Brasil nas últimas semanas. Quem pretende doar, pode procurar as agências da Caixa e lotéricas da região de Campinas, além de unidades internas das instituições, onde serão recolhidas as doações de roupas, produtos de limpeza e higiêne à populaçãp dos municípios em estado de calamidade ou situação de emergência em Alagoas e Pernambuco. Outras informações para doação podem ser obtidas pelo telefone 0800 726 0101. Os números e nomes das contas abertas na Caixa para recebimento de doações em dinheiro são 2735.006.00000955-6 (SOS Alagoas) e 1294.006.2010-0 (SOS Pernambuco).

Correios também estão arrecadando
Os Correios também recebem donativos na região de Campinas e em todo o país para os desabrigados pelas enchentes no Estado de Alagoas e Pernambuco. Os produtos devem ser embalados pelo doador, em pacotes que não excedam 30 quilos, de alimentos não perecíveis, vestuário, roupas de cama, mesa e banho, calçados, tendas e barracas e entregues a qualquer agência dos Correios (veja a relação completa aqui). Devem ser evitadas embalagens frágeis, que possam se romper durante o manuseio e transporte. A postagem dos donativos será gratuita.

No ato da postagem, a encomenda deve ser endereçada à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Alagoas, Rua Lavenere Machado, 80, Trapiche da Barra, Maceió (AL), CEP: 57010-383. Não será permitido o envio a pessoas físicas, órgãos ou entidades. As encomendas-donativos que não atenderem às condições preestabelecidas não poderão ser recebidas pelos Correios.

As doações de remédios só podem ser feitas por fabricantes ou redes farmacêuticas que se responsabilizem pelo cumprimento das normas legais e sanitárias aplicáveis a esses produtos (como prazo de validade, por exemplo).

Os Correios não aceitarão doações em dinheiro.



Correios estão recebendo doações para vítimas da chuva no Nordeste
Falta mobilização para ajudar vítimas de enchente no Nordeste

terça-feira, 29 de junho de 2010

O desastre no Golfo do México: uma chaga no mundo

O desastre no Golfo do México: uma chaga no mundo

Cientistas do governo estimam que quantidade equivalente a um petroleiro Valdez de petróleo vaza, a cada quatro dias, nas águas do Golfo do México. O prognóstico é ainda pior, se se considera o vazamento de 1991, na Guerra do Golfo, quando se estima que 11 milhões de barris de petróleo foram lançados no Golfo Persa – até agora, o maior vazamento jamais ocorrido. A comparação não é perfeita, porque se limpou área tão pequena, mas estudo feito 12 anos depois do desastre do Golfo Persa mostrou que cerca de 90% da vegetação litorânea e de mangue ainda exibia sinais de envenenamento. O artigo é de Naomi Klein.

Naomi Klein, The Nation

Todos os que se reuniram no salão do colégio foram várias vezes instruídos para comportar-se com civilidade ao falar com o pessoal da British Petroleum (BP) e do governo federal. Bons rapazes, que encontraram uma folga em suas agendas carregadas para vir a um colégio, numa 4ª-feira à noite, em Plaquemines Parish, Louisiana, uma das inúmeras comunidades pesqueiras nas quais o veneno marrom infiltra-se pelo mangue, parte do que já pode ser descrito como o maior desastre ambiental de todos os tempos, na história dos EUA.



“Falem com eles, como querem que eles falem com vocês”, repetiu mais uma vez o organizador da reunião, antes de abrir a sessão de consultas do auditório.

E de fato, no começo, a multidão, a maioria pescadores e famílias de pescadores, comportaram-se exemplarmente. Ouviram pacientemente a fala de Larry Thomas, relações públicas da BP, cheio de trejeitos, dizer-lhes que estava empenhado em fazer “nosso melhor” para dar andamento aos pedidos de reembolso por lucros cessantes – e imediatamente passou a palavra a um terceirizado, com cara de bem menos amigos. Todos ouviram o representante da Agência de Proteção ao Meio Ambiente, que informou que, diferente do que todos ouviram, sobre o produto ter sido proibido na Grã-Bretanha, o dispersante químico que está sendo lançado sobre o petróleo é perfeitamente seguro. (…)

Mas a paciência começou a acabar quando, pela terceira vez, Ed Stanton, capitão da Guarda Costeira, subiu até o microfone para repetir que “a Guarda Costeira obrigará a BP a limpar tudo.”

“Escreva e assine!”, alguém gritou. Mas o ar condicionado parou de funcionar e o estoque de Budweiser estava acabando. Um pescador de camarões, Matt O’Brien, andou até o microfone. “Não precisamos continuar a ouvir isso”, disse ele, mãos na cintura. Explicou aos convidados que de nada adiantavam as garantias que tivessem a oferecer, “porque ninguém aqui confia em vocês.” A frase provocou ovação tão repentina e decidida, que foi como se os “Petroleiros” (infeliz nome do time de futebol do colégio) tivessem marcado um touchdown.

Mas foi manifestação só catártica, mais nada. Há semanas aquelas pessoas estão sob ataque de uma onda de diz-que-diz e de promessas as mais alucinadas, vindas de Washington, Houston e Londres. Cada vez que ligam os aparelhos de TV, lá está o presidente da BP, Tony Hayward, prometendo, sob palavra de honra, que “fará a coisa certa”. Ou então é o presidente Obama, manifestando absoluta certeza de que seu governo “deixará a Costa do Golfo em melhor forma do que antes”, e repetindo que “as coisas ficarão mais fortes do que antes dessa crise.”

Tudo muito bonito. Mas para pessoas que vivem em íntimo contato com a delicada química do delta, tudo soa completamente absurdo. Quando o petróleo cobre a base da vegetação do delta, como já cobriu a poucos quilômetros dali, não há máquina ou mistura química milagrosa que o arranque, sem arrancar toda a vegetação. Pode-se recolher o petróleo com peneira da superfície da água e pode-se varrê-lo com a areia da superfície das praias, mas o delta coberto de petróleo não tem salvação: lá fica, morrendo morte lenta. Tudo morre. As larvas e ovas de incontáveis espécies para as quais o delta é local de desova e incubadora – camarões, caranguejos, ostras e peixes – todas estão sendo envenenadas.

Já está acontecendo. Naquele dia, pela manhã, viajei pelas áreas próximas do delta, num bote raso. Os peixes estão saltando à tona d’água, em anéis de espuma escura, entre as tiras de algodão grosso e papel que a BP está usando para retirar o petróleo da superfície. Era como se o material absorvente se enrolasse em torno dos peixes, como uma corda de forca. A morte sobe pelos veios do junco: é como se os pássaros pousassem sobre um bastão de dinamite cujo pavio está aceso, queimando rápido.

E há também o capim, “Roseau cane”, como se chama aquele capim de lâmina alta, afiada. Se o óleo entrar muito profundamente no delta, não apenas mapa o capim da superfície, mas também as raízes. São aquelas raízes que mantém costurada a vegetação do delta, impedindo que a terra verde despenque no rio Mississipi e no Golfo do México. Por isso, não são só os pesqueiros de vilas como Plaquemines Parish que estão ameaçados, mas quase toda a barreira física, que perde resistência no caso de tempestades ferozes, como o furacão Katrina. Tudo, ali, estará perdido.

Quanto tempo demorará para que o ecossistema devastado a tal ponto seja “restaurado e reconstituído”, como o secretário do Interior de Obama prometeu? Não se sabe sequer se será algum dia restaurado, não em tempo previsível, uma, duas, várias gerações. Os pesqueiros do Alasca ainda não se recuperaram completamente do vazamento, em 1989, do petroleiro Exxon Valdez; algumas espécies ainda não reapareceram.

Cientistas do governo estimam que quantidade equivalente a um petroleiro Valdez de petróleo vaza, a cada quatro dias, nas águas do Golfo do México. O prognóstico é ainda pior, se se considera o vazamento de 1991, na Guerra do Golfo, quando se estima que 11 milhões de barris de petróleo foram lançados no Golfo Persa – até agora, o maior vazamento jamais ocorrido. A comparação não é perfeita, porque se limpou área tão pequena, mas estudo feito 12 anos depois do desastre do Golfo Persa mostrou que cerca de 90% da vegetação litorânea e de mangue ainda exibia sinais de envenenamento.

O que se sabe é que, longe de algum dia poder ser reconstituída, a costa do Golfo, isso sim, será reduzida. Suas ricas águas e céus carregados de aves serão, no futuro, menos vivas do que foram e ainda são. O espaço físico que muitas comunidades ocupam no mapa também encolherá, por causa da erosão. E a legendária cultura daquele litoral encolherá com o território. As famílias de pescadores que vivem ali, não vivem só de pescar. São elos de uma intrincada rede que inclui tradições familiares, cozinha, música, arte, idiomas minoritários ameaçados – e tudo isso, como as raízes do capim do delta, mantém coesa a terra naquela área. Sem a pesca, aquelas culturas perdem contato com o sistema radicular, que desce até o fundo do chão sobre o qual construíram a vida. (A BP, aliás, sabe bem dos limites da recuperação. O “ Plano Regional de Reação ao Vazamento de Petróleo no Golfo do México” que a empresa elaborou inclui instruções claras para que os funcionários não prometam “plena recuperação e volta à normalidade em itens que tenham a ver com questões de propriedade, ecologia etc.” Motivo pelo qual, é claro, os funcionários usam termos vagos como “fazer a coisa certa”.)

Se o Katrina arrancou a cortina que escondia o racismo, o desastre da BP está expondo algo muito mais ocultado: o quanto temos, mesmo as grandes empresas e os mais destacados especialistas, pouco controle sobre as muito intrincadamente conectadas forças naturais ante as quais nos comportamos tão levianamente. A BP não sabe o suficiente, para cavar uma chaga na Terra, como cavou. Obama não tem poder para ordenar que os pelicanos não se extingam (por mais traseiros que se ponha a chutar).

Não importa quanto dinheiro se gaste – nem os $20 bilhões que a BP oferece, nem se fossem $100 bilhões. Não há dinheiro suficiente para reconstituir uma cultura que tenha perdido as raízes. E enquanto os políticos e representantes de corporações insistem em não ver essa verdade mais evidente, as pessoas, cujos ar, água e vida foram contaminados p erdem rapidamente as últimas ilusões.

“Tudo está morrendo”, diz uma mulher, quando a reunião na escola aproximava-se do final. “E vocês vêm dizer aqui, agora, que nosso golfo é resistente e se recuperará? É porque vocês não têm nem ideia do que acontecerá ao nosso golfo. Sentam-se aí, com ar sério e falam como se soubessem. Mas vocês não sabem.”

A crise do litoral do Golfo é crise de várias coisas – da corrupção, da desregulação, da privatização, da dependência doentia de combustíveis fósseis. Mas, por trás de tudo isso, é crise clara da arrogância de nossa cultura, que supõe ter perfeita compreensão e comando sobre a natureza de modo a poder tudo manipular radicalmente e re-manipular e fazer re-engenharias sem risco, dos sistemas naturais que nos mantêm vivos.

Como o desastre da BP mostrou, a natureza jamais é tão previsível quanto supõem e fazem crer os mais sofisticados modelos matemáticos e geológicos. Em recente depoimento ao Congresso, Hayward disse que “Os melhores cérebros e a mais avançada expertise estão sendo convocados” para enfrentar a crise, e que “com exceção talvez do programa espacial dos anos 1960s, difícil imaginar equipe maior e mas tecnicamente qualificada, reunida num local só, em tempo de paz.” Mesmo assim, ante o que o geólogo Jill Schneiderman descreveu como “um poço de Pandora”, estão todos como aquele especialista, ante aquela multidão de cidadãos: sentados, sérios e falando como se soubessem; mas não sabem.

A missão declarada da British Petroleum
No arco da história humana, a noção de que a natureza é máquina que aí está para ser objeto de reengenharia ao bel prazer do engenheiro é conceito relativamente recente. Em livro seminal de 1980, The Death of Nature, Carolyn Merchant, historiadora das ciências do meio ambiente, lembra os leitores de que, até os anos 1600s, a terra era viva, quase sempre sob a forma de uma mãe. Os europeus – como todos os povos nativos em todo o planeta – acreditavam que o planeta fosse ser vivo, cheio de potências de vida e de terríveis tempestades. Por isso havia tabus que impediam ações que deformassem e violassem “a mãe”, entre os quais a mineração.

A metáfora mudou, quando se desvelaram alguns (mas nem de longe todos) dos mistérios da natureza durante a Revolução Científica dos anos 1600s. Com a natureza passando a ser descrita como máquina, sem mistérios ou divindades, suas partes constituintes passaram a poder ser partidas, extraídas e remontadas em plena impunidade. A natureza às vezes ainda é pintada como mulher, mas mulher facilmente dominável e subordinável. Em 1623, Sir Francis Bacon deu forma final ao novo ethos, ao escrever, em De Dignitate et Augmentis Scientiarum, que a natureza existe para ser “contida, modelada e renovada pela mão e pela arte do homem.”

São palavras que bem poderiam aparecer na declaração da missão corporativa da British Petroleum. Plenamente instalada no que a empresa chamou de “fronteira da energia”, dedicou-se a produzir micróbios sintéticos que produzem metano e anunciou “uma nova era de investigações”: a geo-engenharia. Anunciou também, no relatório de prospecção do Golfo do México, que cavaria “o mais profundo poço jamais perfurado pela indústria de gás e petróleo” – tão profundo, no fundo do oceano quanto, no céu, voam os grandes jatos.

A prontidão para o caso de que algo não desse certo nesses planos ocupou espaço mínimo da imaginação corporativa. Como logo se descobriu, depois da explosão na plataforma Horizonte de Águas Profundas, a empresa não tinha qualquer plano para enfrentar aquele tipo de emergência. Ao explicar por que não tinham nenhuma cúpula de contenção em área próxima, de reserva, o porta-voz da BP, Steve Rinehart, disse que “acho que ninguém jamais previu o caso que enfrentamos aqui.”

Aparentemente, todos ‘sabiam’ que a válvula de contenção de emergência jamais falharia. Assim sendo, por que se preparar?

Esse recusar-se a prever o fracasso vem, muito evidentemente, de cima para baixo. Há um ano, Hayward disse a um grupo de alunos da Stanford University que tem sobre a mesa uma placa em que se lê: “Se você soubesse que não falharia, o que tentaria?” Esse não é slogan inspiracional benigno. De fato, é perfeita tradução de como a BP e empresas concorrentes agem no mundo real. Em recente audiência no Capitólio o congressista Ed Markey de Massachusetts interrogou representantes das principais corporações de gás e petróleo sobre como alocam seus recursos. Ao longo de três anos, gastaram “$39 bilhões para explorar novas fontes de gás e petróleo. No mesmo período, o investimento médio em pesquisa e desenvolvimento de prevenção de acidentes, melhoria da segurança e ações de resposta emergencial em vazamentos mal chegou a mí seros $20 milhões anuais.”

Essas prioridades explicam muito de por que o “Plano de Exploração Inicial” que a BP apresentou ao governo para o mal fadado poço Horizonte de Águas Profundas é peça que mais parece tragédia grega sobre a hubris. A expressão “baixo risco” aparece cinco vezes. Ainda que haja vazamento, a BP prevê (sob condições de confidencialidade) que, graças a “equipamento e tecnologia já testados” só haverá efeitos adversos mínimos. Pintando a natureza como parceiro júnior, previsível e manso (ou, talvez, como empresa terceirizada), o plano levianamente explica que, em caso de vazamento, “as correntes e a degradação micronial removerão o petróleo da coluna de água ou diluirão os constituintes até os níveis anteriores.” Efeitos sobre a vida marinha, por sua vez, “serão sub letais”, graças “à capacidade de peixes adultos e crustáceos para evitar áreas de vazamentos e para metabolizar hidrocarbonetos.” (Na narrativa da BP, em vez de ser ameaça mortal, um vazamento é como um banquete de coisas-que-você-pode-comer para a vida marinha.)

O melhor de tudo é que, caso ocorra vazamento de grandes proporções, há “pequeno risco de contato ou impacto sobre a linha costeira” porque a empresa tem projeto para resposta rápida (!), e considerada “a [grande] distância [do poço] à costa” – cerca de cem quilômetros. Essa é a parte mais espantosa. Num golfo em que são freqüentes as tempestades violentas, ventos muito fortes, para nem falar dos furacões, a BP respeita tão pouco a capacidade de condução das marés, que não previu a hipótese de o petróleo vazado viajar menos cem quilômetros. (Em meados de junho, um caco da válvula que explodiu no poço Horizonte de Águas Profundas apareceu numa praia da Florida, a quase 300 quilômetros do local da explosão.)

Nada disso teria passado sem críticas, se a BP não apresentasse suas previsões a uma classe política que deseja crer que a natureza já está dominada. Alguns, como a Republicana Lisa Murkowski, deseja ainda mais que os outros. Senadora pelo Alaska, falava como se a perfuração de poços em mar profundo já atingisse os píncaros da artificialidade controlada. “É melhor que a Disneyland, em matéria de pegar as tecnologias e ir em busca de um recurso que está aí há milhares de anos e fazê-lo de modo ambientalmente confiável” – disse ela, há sete meses, à Comissão de Energia do Senado.

Perfurar sem pensar é, é claro, política do Partido Republicano desde maio de 2008. Com os preços do gás disparando a alturas jamais vistas, o líder conservador Newt Gingrich criou o slogan “Drill Here, Drill Now, Pay Less” [Perfure aqui, perfure já e pague menos], com ênfase no “já”. A campanha caríssima, furiosamente difundida, foi clamou contra qualquer cautela, qualquer pesquisa, qualquer ação ponderada. Na narrativa de Gingrich, perfurar em casa, onde o petróleo e o gás ‘tem de estar’ – escondido nas Montanhas Rochosas, no Parque Nacional de Vida Selvagem no Ártico ou em águas oceânicas profundas – seria meio garantido para fazer cair os preços nas bombas, criar empregos e chutar traseiros árabes de uma vez por todas. Ante esse triplo sucesso, a atenção ao meio ambiente seria coisa para maricones. Como disse o senador Mitch McConnell: “No Alabama e no Mississippi e na Louisiana e no Texas, todos acham lindas as torres de perfuração.” Quando surgiu o infame slogan “Drill, Baby, Drill” [Perfure, baby, perfure] na Convenção Nacional do Partido Republicano, a base do Partido vivia em tal estado de frenesi por combustíveis fósseis ‘made in USA’, que todos aceitariam enterrar-se no subsolo da convenção, se alguém aparecesse com perfuradora suficientemente grande.

Obama cedeu, como faz invariavelmente. Com azar cósmico, apenas três semanas antes de o poço Horizonte explodir o presidente anunciou que liberaria para pesquisa e exploração de petróleo no mar áreas do país até então protegidas. Não havia perigo, explicou, como pensava antes. “Atualmente praticamente já não há vazamentos. As tecnologias avançaram muito.” Nem isso bastou para Sarah Palin, que vasculhou os planos do governo Obama, para exigir mais estudos, antes de perfurar algumas áreas. “Santo deus, pessoal, essas áreas já estão secas de tanto serem estudadas!” – disse ela na Conferência das Lideranças Sulistas do Partido Republicano em New Orleans, apenas onze dias antes da explosão. “Perfurem, baby, perfurem! Chega de estude, baby, estude!” Foi tonitroantemente aplaudida.

Em seu depoimento ao Congresso, Hayward disse que “Nós e toda a indústria aprenderemos desse terrível evento.” E bem se deveria imaginar que uma catástrofe dessa magnitude instilasse alguma humildade nos executivos da BP e no pessoal do “Perfure já”. Mas ainda não se veem nem sinais disso. A resposta ao desastre – das corporações e do governo – veio carregada do mesmo tipo de arrogância e risonhas ‘previsões’ que, em primeiro lugar, geraram a tragédia.

O oceano é grande; ele agüenta, foi o que se ouviu de Hayward nos primeiros dias, enquanto o porta-voz insistia em que micróbios insaciáveis devorariam todo o petróleo que aparecesse na água, porque “a natureza tem seus meios para contribuir”. Mas a natureza não estava para piadas. A explosão fez voar cabeças e chapéus de altos executivos, além de cúpulas de contenção e frases-lixo. Os ventos e correntes oceânicos reduziram a farrapos as soluções peso-leve que a BP encontrou para absorver o petróleo. “Nós dissemos a eles”, conta Byron Encalade, presidente da Associação Louisiana de Pescadores de Ostras. “O petróleo vai passar, ou por cima ou por baixo dessas barreiras”. Foi o que aconteceu. O biólogo marinho Rick Steiner, que acompanha de perto a limpeza, estima que “70, 80% das barreiras servem para absolutamente nada.”

E há também a questão dos controvertidos dispersantes químicos: mais de 1,3 milhões de galões já desperdiçados, todos com a marca-atitude “O que poderá dar errado?” da BP. Como disseram furiosos moradores de Plaquemines Parish na reunião, houve poucos testes, e praticamente nenhuma pesquisa sobre os efeitos dessa quantidade sem precedentes de petróleo e dispersante, sobre a vida marinha. E não há como extrair a mistura tóxica de petróleo e dispersantes que se deposita no fundo do mar. Ah, sim, há os micróbios de reprodução rápida que, sim, devoram o petróleo submarino – mas o processo também consome oxigênio da água e é, portanto, nova ameaça à vida animal.

A BP atreveu-se, até, a supor que impediria que imagens ‘perigosas’ de praias cobertas de petróleo e de pássaros agonizantes escapassem da zona do desastre. Quando eu estava no mar com uma equipe de televisão, por exemplo, fomos abordados por outro barco, cujo capitão perguntou “Todos aí são empregados da BP?” Quando respondi que não, a resposta – em mar alto – foi “Então, não podem ficar aí.” Claro que essas táticas linha-dura, como as demais, falharam. Fato é que há petróleo demais, aparecendo em lugares demais. “Ninguém pode ensinar o vento a andar para um lado ou outro, nem se manda nas águas de Deus”, disse-me Debra Ramirez. É lição que aprendeu de viver em Mossville, Louisiana, cercada por 14 fábricas que expelem poluentes petroquímicos, vendo as doenças passarem de casa a casa, de vizinho a vizinho .

A limitação humana tem sido presença constante nessa catástrofe. Passados já dois meses, ninguém sabe quanto petróleo está vazando ou quando parará. A empresa diz que os poços de desvio estarão completados no final de agosto – frase que Obama repetiu em fala de 15/6, do Salão Oval. Para muitos cientistas, é blefe. É procedimento arriscado e pode falhar. Há risco real de que o petróleo continue a vazar por muitos anos.

O fluxo de negadores da realidade, por sua vez, tampouco dá sinais de amainar. Políticos da Louisiana fazem furiosa oposição à suspensão temporária de perfurações em águas profundas, acusando Obama de estar matando a única grande indústria que restou, depois da crise da indústria da pesca e do turismo. Palin prega, pelo Facebook, que “nenhum trabalho humano jamais será sem riscos”. No Texas, o Republicano John Culberson descreveu o desastre como “uma anomalia estatística”. Mas a reação mais claramente sociopatológica veio do veterano jornalista-comentarista de Washington Llewellyn King: em vez de temer os riscos da grande engenharia, deveríamos festejar, por sermos capazes de construir máquinas tão fantásticas, que arrancaram a tampa do fundo do mundo.”

Deter a hemorragia

Felizmente, outros estão aprendendo outras lições do desastre. (…)

John Wathen, militante conservacionista da Aliança Guardiães da Água [ing. Waterkeeper Alliance], foi dos poucos observadores independentes que viajou para o local do vazamento nos primeiros dias.

Depois de filmar as imensas manchas vermelhas que a Guarda Costeira polidamente chama de “luzes do arco-íris”, disse o que muitos sentiam: “É como se o golfo estivesse sangrando.” A imagem vai e volta. Monique Harden, advogada que trabalha com Direito Ambiental em New Orleans, não fala em “vazamento”, mas em “hemorragia de petróleo”. Outros falam da necessidade de “deter a hemorragia”.

Pessoalmente, me impressionou, voando em avião da Guarda Costeira sobre a parte do oceano onde a plataforma afundou, que o petróleo na superfície faz as ondas parecerem pintadas, como se exibissem figuras desenhadas em cavernas; vi uma ave emp lumada, lutando para respirar, olhos arregalados para o céu, uma ave pré-histórica. Mensagens das profundezas.

Vivemos a passagem mais espantosa da saga da Costa do Golfo: como se acontecesse para nos fazer lembrar que a Terra nunca foi máquina. 400 anos depois de declarada morta, e cercada de tanta morte, a Terra está voltando à vida.

Acompanhar o progresso do petróleo pelo ecossistema é uma espécie de aula-catástrofe de ecologia profunda. Todos os dias há novas lições de o que parece ser problema terrível numa parte do mundo revela-se, noutra parte, como surpresa e descoberta. Nem sempre. Um dia ouvimos que o petróleo pode chegar a Cuba – depois, à Europa. Dia seguinte, ouvimos que pescadores da Ilha Prince Edward, do outro lado do mundo, no Canadá, estão preocupados porque os peixes que pescam nascem a milhares de quilômetros de lá, exatamente naquelas águas hoje manchadas de petróleo. E descobre-se que, para muitas aves, os alagados da Costa do Golfo são como pista de pouso e decolagem de alto tráfego – há locais demarcados para todos: por ali passam 110 espécies de aves canoras migratórias e 75% de todas as aves migratórias de todos os EUA.

Uma coisa é algum impenetrável teórico da teoria do caos ensinar que uma ave bate asas no Brasil e provoca um tornado no Texas. Outra coisa é ver o próprio caos acontecendo ante seus olhos. Nas palavras de Carolyn Merchant, a lição é a seguinte: “O problema que a BP trágica e atrasadamente descobriu é que a natureza é foca ativa que não pode ser confinada.” São raros os acidentes previsíveis em sistemas ecológicos, mas “acidentes não previsíveis, caóticos, são freqüentes.” Caso alguém ainda não tenha entendido: um raio atingiu recentemente um dos barcos da BP, como um ponto de exclamação, obrigando a empresa a suspender temporariamente os trabalhos de contenção. E, isso, sem falar do que pode acontecer, se a sopa tóxica da BP for agitada por um furacão.

Há, é preciso não esquecer, algo de perverso nessa via especial de aprendizado. Há quem diga que os EUA descobrem onde há outros países no mundo, bombardeando o que não conhecem. Agora parece que todos estamos aprendendo onde estão as veias do sistema circulatório da natureza, envenenando-as.

No final dos anos 90s um grupo isolado de indígenas colombianos ganhou as manchetes do mundo, por causa de um conflito Avatariano. De seu lar remoto nas florestas de nuvens eternas no alto da cordilheira dos Andes, os U’wa comunicaram ao mundo que, caso a empresa Occidental Petroleum insistisse na tentativa de perfurar para extrair petróleo de suas terras, a tribo cometeria suicídio coletivo ritual, saltando de um penhasco. Os anciãos da tribo explicaram que o petróleo é ruiria, “o sangue da Mãe Terra”. Os U’wa crêem que toda a vida, inclusive a deles, flui dessa ruiria. Arrancar da terra o petróleo é destruir tudo. (A Occidental Petroleum acabou por abandonar a região. Disseram que não havia petróleo suficiente. Que a prospecção inicia l estava errada.)

Praticamente todas as culturas indígenas têm mitos em que narram a vida de deuses e espíritos do mundo natural – que vivem em rochas, montanhas, glaciares, florestas – exatamente como os europeus, antes da Revolução Científica. Katja Neves, antropóloga da Concordia University, entende que a prática serve a objetivos práticos. Declarar a Terra “sagrada” é um dos meios que há de expressar humildade ante forças que não se compreende completamente. Ante algo sagrado, recomenda-se proceder com cautela. Mesmo, com reverência e medo.

Se aprendermos essa lição, por tarde que seja, pode haver implicações profundas. O apoio governamental à perfuração oceânica diminuiu 22% em relação ao pico, na época do frenesi do “Perfure já!”. Mas a questão não está encerrada: é questão de tempo, e o governo Obama anunciará que, graças a fantásticas novas tecnologias, e sob regulação rígida, a perfuração oceânica é perfeitamente segura, mesmo no Ártico, onde qualquer procedimento de limpeza sob o gelo seria infinitamente mais complexa do que se está vendo no Golfo. Mas talvez, então, não nos deixaremos convencer tão facilmente, não seremos tão rápidos ao jogar com a vida de uns poucos últimos paraísos protegidos. (…)

Talvez, da próxima vez, escolhamos não admitir experimentos com a física e química da Terra, talvez escolhamos reduzir nosso consumo, escolhamos mudar para fontes renováveis de energia, as quais têm a virtude de, quando desabam, não causar catástrofes. Como ensina o comediante Bill Maher: “Sabem o que acontece quando um moinho de vento cai no mar? Uma marolinha.”

O resultado mais positivo que se pode esperar desse desastre será não só a aceleração das pesquisas de fontes de energia renovável, como a energia eólia, mas, sobretudo, que adotemos, plenamente, o princípio de precaução na ciência. Ao contrário do lema de Hayward, do credo de esperar nunca falhar, o princípio da precaução na ciência ensina que “quando, numa atividade, há risco de dano ao meio ambiente ou à saúde humana”, é preciso proceder com cuidado, como se o fracasso fosse sempre possível e altamente provável.

Talvez devamos comprar outra placa para a mesa de Hayward, no quartel general da British Petroleum, que ele lerá enquanto assina cheques de indenizações: “Você age como se soubesse, mas você não sabe.”



Fonte: Agência Carta Maior

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Em defesa do diploma do jornalista e da profissão

Em defesa do diploma do jornalista e da profissão

A absurda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no dia 17 de junho de 2009, e que eliminou a exigência do diploma de nível superior de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão vem sendo denunciada e contestada nacionalmente.


A absurda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no dia 17 de junho de 2009, e que eliminou a exigência do diploma de nível superior de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão vem sendo denunciada e contestada nacionalmente. A sociedade brasileira exige que o Congresso Nacional repare este erro cometido pela suprema corte do Judiciário. Para que a validade do diploma seja restabelecida o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) apresentou Proposta de Emenda à Constituição (PEC nº 386/09) e, no Senado, outra PEC, de nº 33/2009, foi apresentada pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-CE). Ambas as medidas já foram aprovadas nas Comissões de Constituição e Justiça. A do Senado depende de votação no plenário e a da Câmara está sendo avaliada por uma comissão especial. É fundamental que assegurar à sociedade o direito à informação de qualidade e às liberdades de imprensa e de expressão.



A infeliz decisão do STF não só abriu o caminho para a completa desregulamentação da profissão como cedeu à vontade dos magnatas da comunicação social brasileira. É nesse setor que a precarização da mão-de-obra anda solta, sem controle e sem fiscalização dos poderes públicos. Esse completo desrespeito à legislação caracteriza um dos maiores escândalos trabalhista no país.



A forma como o Ministério do Trabalho e Emprego está emitindo registros profissionais para os não diplomados é uma ameaça à nossa profissão e à nossa organização sindical. Precisamos definir os requisitos para a qualificação profissional e impedir que a categoria seja explorada pelos empresários e esse é o objetivo das PECs que tramitam no Congresso Nacional.



Diga sim ao diploma e envie sua manifestação aos deputados e senadores! Envie e-mail para: deputados@camara.gov.br e senadores@senado.gov.br



Brasília, 16 de junho de 2010.



A Diretoria do SJPDF

domingo, 13 de junho de 2010

Uma nova agenda para a solidariedade a Cuba?

quinta-feira, 10 de junho de 2010

TV PÚBLICA, grande MIDIA - SOLIDARIEDADE E INTEGRAÇÃO SULAMERICANA

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Uma nova agenda para a solidariedade a Cuba?

Fonte: Carta Maior




Já cabe uma nova agenda para a solidariedade: partir do novo patamar existente, concreto, para impulsionar a celebração de convênios de cooperação da Telesur com emissoras públicas brasileiras, a começar pela TV Brasil, que possui a acordos com a Reuter, a Radio França Internacional, mas, inexplicavelmente, não os possui com a Telesur. Mesmo quando a integração latino-americana é pauta prioritária na política externa brasileira, a TV Brasil não aproveita a programação da Telesur, mas sim de veículos comerciais! Eis aí um novo capítulo da agenda da solidariedade que brotou na XVIII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, realizada em Porto Alegre. O artigo é de Beto Almeida.


Beto Almeida (*)


Com uma aula pública de salsa no Bric da Redenção, em Porto Alegre, foi encerrada neste domingo a XVIII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba. (documento oficial). Centenas de portoalegrenses, crianças, jovens e os de juventude acumulada, dançaram a linda canção Iolanda, de Pablo Milanez, e a versão salsera com dançarinos cubanos. Talvez pela generosidade da pauta em debate, a solidariedade, o sol espantou o frio e trouxe um brilho que, apesar do boicote anti-jornalístico da mídia local, fez reluzir enormes possibilidades para novas e mais amplas ações cooperativas e coordenadas entre Cuba e Brasil, permitindo expandir e dar visibilidade às ações solidárias que a pequena ilha caribenha já vem oferecendo à humanidade, espalhando médicos, professores e cientistas por todos os lados.



Talvez seja esta a grande diferença que o movimento da solidariedade brasileira a Cuba esteja incorporando às suas ações, fazendo surgir uma nova e renovada agenda de ações e de lutas. Sem deixar de fazer as imprescindíveis denúncias ao ilegal bloqueio estadunidense, que deve ser extinto, e exigindo a libertação imediata dos 5 cidadãos cubanos ilegalmente presos nos EUA, a agenda pode ser enriquecida em razão do avanço do um processo de integração latino-americano impulsionado por governo populares, o que permite que muitas outras iniciativas criativas e de cooperação sejam incorporadas à esta agenda.


Desde que as relações entre Brasil e Cuba foram reatadas, em 1986, no governo Sarney, elas vieram mantendo um rítmo talvez marcado por uma certa timidez, com alcance e volume muito inferiores ao potencial que os dois países, face a inúmeras compatibilidades e possibilidades de cooperação, vinham de fato experimentando. Esta realidade muda qualitativamente com a chegada de Lula à presidência da República. Basta lembrar a presença de Fidel Castro em sua posse e participação do comandante na posse do ministro da Educação, Cristovam Buarque, o que sinalizava claramente que todo o avanço educacional cubano poderia ser útil para alavancar um forte salto na educação brasileira. O recado era claro. Agora estão presentes as condições para que todos os empecilhos a uma cooperação com toda força seja implementada. Isto, certamente, compõe uma nova agenda para a solidariedade, pois esta vê repentinamente com enormes possibilidades de tomar novas iniciativas, a partir do fato de ter um presidente que defende mundialmente a Revolução Cubana.

Memória

O interessante é que esta solidariedade entre os dois países inclui a recuperação da memória. Este foi o tema de um dos painéis na Convenção, pois garimpar, recuperar e preservar a memória é tarefa de enorme importância. A começar por dar consciência ao povo brasileiro e ao mundo que esta solidariedade brasileiro-cubana começa com a presença de dois brasileiros, cariocas, mulatos, que lutaram no exército de José Marti e lá morreram, transformando-se em semente poderosa que revela a generosidade dos povos, capazes de se irmanar nos momentos cruciais. Assim foi também com a incorporação do General Abreu e Lima no Exército Libertador de Simon Bolívar, tornando um dos heróis da Gran-Colômbia! Brasileiros também lutaram contra Franco na Guerra Civil Espanhola!

Foi registrado e isto está sendo compilado para publicação, que na década de 50, exilados cubanos chegaram a colocar uma faixa “Cuba Libre!” no Pão de Açúcar. E logo após o martírio de Vargas, sua Carta Testamento, que circulou o mundo, foi lida com grande atenção e sensibilidade pelos revolucionários do Movimento 26 de Julho que estavam nas tenebrosas prisões de Fulgênio Batista. Tomaram aquele documento com toda sua dimensão histórica e como uma mensagem antiimperialista lançada ao mundo!

Após a chegada do Exército Rebelde ao poder em Havana, uma das primeiras medidas da Revolução foi a Campanha de Alfabetização, que contou com a participação de vários brasileiros. A solidariedade passava para um nível superior. Mais tarde, brasileiros com grande experiência em educação e que tinham trabalhado com Paulo Freire no Brasil, ao serem expulsos do país pelo golpe de 64, incorporam-se aos esforços da profunda revolução educacional que Cuba promoveu. É o caso da pedagoga Josina Godoy, autora do livro “Viver em Cuba”, que mais tarde vai também prestar solidariedade na África junto com educadores cubanos, emprestando sua experiência à tarefa de eliminar o analfabetismo em Moçambique. Esta solidariedade tem um longo caminho. Agregue-se a isto a experiência vivida pelo médico Davi Lerer, exilado brasileiro em Angola e que prestou também sua solidariedade no atendimento de soldados cubanos que estavam na pátria de Agostinho Neto em armas contra o regime nazista do Apartheid, apoiado pelo imperialismo dos EUA.
Guerra midiática

A Convenção debateu também a incessante campanha de destruição da imagem de Cuba, praticada pelos veículos de comunicação comerciais, sem que lhe seja permitida qualquer possibilidade de oferecer uma outra versão sobre os acontecimentos. Isto não é jornalismo, é campanha.

É exatamente neste terreno onde surgem algumas possibilidades para que o movimento da solidariedade a Cuba tome novas iniciativas e apresente propostas de cooperação, que podem sim ser implementadas, já que a nova realidade latino-americana registra uma relação de forças e um desenho geopolítico que permite ir mais além do que as justas e necessárias denúncias.

Telesur: “O nosso norte é o sul”

Com o advento da Revolução Bolivariana na Venezuela, nasce a Telesur, televisão multi-estatal com a finalidade de promover a integração latino-americana e dos povos do sul por meio da ação informativo-cultural. Prestes a cumprir seus 5 anos de vida, a Telesur já pode ser sintonizada por parabólicas do Alasca à Patagônia, no norte da África e alguns países europeus. Possui convênios de cooperação com emissoras públicas na Bolívia, Argentina, Equador, Nicarágua, Uruguai, e, aqui no Brasil, com a TVE do Paraná, que exibe diariamente o Jornal da Telesur, de 30 minutos, em português, oferecendo aos telespectadores a possibilidade de ver uma América Latina em profunda transformação social. Onde é que se divulga que Venezuela, Equador e Bolívia já erradicaram o analfabetismo, e com a ajuda de educadores cubanos? Na Telesur! E o sinal da TVE do Paraná pode ser captado por antena parabólica em todo o Brasil, bem como em toda América do Sul. Cabe à solidariedade divulgar e lutar para expandir o alcance do sinal.

Por isso é que já cabe uma nova agenda para a solidariedade: partir do novo patamar existente, concreto, para impulsionar a celebração de convênios de cooperação da Telesur com emissoras públicas brasileiras, a começar pela TV Brasil, que possui a acordos com a Reuter, a Radio França Internacional, mas, inexplicavelmente, não os possui com a Telesur. Mesmo quando a integração latino-americana é pauta prioritária na política externa brasileira, a TV Brasil não aproveita a programação da Telesur, mas sim de veículos comereciais! Eis aí um novo capítulo da agenda da solidariedade que brota nesta convenção de Porto Alegre.



Outra tarefa é encorajar a Empresa Brasil Comunicação, a EBC, a firmar acordos com a Agência Prensa Latina, que tem jornalistas em centenas de países de todo o mundo e difunde diariamente 45 matérias em português. Inexplicavelmente não aproveitadas pela empresa pública brasileira, apesar das reiteradas declarações de Lula em favor de uma maior cooperação com Cuba. A Convenção e Solidariedade aprovou a gestão de esforços para que a TV Brasil tenha sucursal em Havana, para que as TVs educativas de cada estado onde for democraticamente possível firmem convênios de cooperação com a Telesur, com a TV Cubana, com a Prensa Latina, iniciativa que deve se estender às TVs comunitárias que também podem transmitir alguns programas latino-americanos, com o respaldo da Constituição, assim como já o fazem as TVs comunitárias de Brasília, Rio de Janeiro, Florianópolis e Recife. Cabe à solidariedade fazer as gestões junto a governos, tvs educativas, universitárias e comunitárias em cada estado.

Estas modalidades de cooperação ajudariam enormemente a contrabalançar o cerco midiático contra Cuba, além de oferecer ao povo brasileiro a oportunidade de conhecer a realidade cubana e latino-americana, hoje escondidas pela matriz informativa de Hollywood que nos é imposta.

Telenovelas, filmes e livros

O povo cubano conhece telenovelas brasileiras, mas o povo brasileiro não conhece telenovelas cubanas. Praticamente todos os filmes brasileiros mais importantes já foram exibidos em Cuba, em escala de massa, pois há enorme quantidade de salas de cinema, o ingresso é baratíssimo, sendo o contrário do que ocorre aqui no Brasil onde apenas 8 por cento dos município tem salas de cinema, o ingresso é caríssimo e as salas estão sendo confinadas nos shoppings, num processo de apartheid cinematográfico. O mesmo ocorre com a literatura: grandes escritores brasileiros já tiveram em Cuba gigantescas tiragens, valendo citar Jorge Amado, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Érico Veríssimo, Raquel de Queiroz, Artur da Távola, cujas edições contavam-se, cada uma, em mais de 100 mil exemplares, vendidas a preços de um sorvete da Copélia, que todos podem comprar. Uma verdadeira democratização da literatura universal.

Só para registrar, a tiragem padrão de livros no Brasil, com quase 200 milhões de habitantes, é de irrisórios 3 mil exemplares. Em 1984, Cuba foi agraciada com um comenda da UNESCO por ter impresso, num só ano, e para apenas 10 milhões de habitantes, 480 milhões de exemplares de livros. Em Cuba e Nicarágua houve uma radio-novela sobre a Coluna Prestes....Cultural e informativamente, os bloqueados somos nós.

Pensando em termos práticos, a Convenção de Porto Alegre aprovou a realização de convênios entre os Ministérios da Cultura de Cuba e do Brasil para que sejam legendados e exibidos pela TV Brasil os principais filmes da cinematografia cubana, que nós ainda desconhecemos, embora sejamos obrigados a engolir qualquer porcaria de Hollywood. Aprovou-se trabalhar para um convênio que preveja a tradução dos clássicos da literatura cubana para o português, a serem publicados em massa como Cuba fez com os mestres da nossa literatura, e que sejam distribuídos por todas as bibliotecas públicas brasileiras.

Os convencionais também se propuseram a trabalhar para que as Faculdades de Comunicação Pública do Brasil realizem cooperação com o Instituto Internacional de Periodismo José Marti, sobretudo para o desenvolvimento de novos conceitos para elaborar um jornalismo de integração, já que aquilo que está ocorrendo na energia, na educação, no comércio, no surgimento da Unasur requer também uma concepção informativa que favoreça o cumprimento do dispositivo Constitucional que prevê a formação de uma Federação de Países Latino-Americanos. É claro que a comunicação comercial aposta e pratica um tenebroso e anti-civilizador jornalismo da desintegração entre os povos. Telesur vem para unir, integrar, enfim, para enamorar os povos.

Saúde, ciência e educação


O avanço da cooperação que os governos do Brasil e de Cuba já operam colocam enormes possibilidades para o movimento de solidariedade atuar em níveis muito mais audaciosos e criativos. Mesmo havendo entraves e obstáculos ainda não superados, como os que adiam e adiam os acordos com a Telesur, com a Prensa Latina, mas também para a revalidação dos diplomas dos médicos brasileiros formados, gratuitamente, pela ELAM, Escola Latino Americana de Medicina. Em 11 anos de existência, dezenas de milhares de jovens de países pobres de Centro-América, da África e até da Ásia, tiveram a oportunidade de estudar medicina, chance que provavelmente não teriam em seus respectivos países. Há ainda 500 jovens pobres e negros dos EUA, do Harlem e do Brooklin, lá estudando. Um jovem estadunidense testemunhou:"se continuasse no Harlem, provavelmente teria sido capturado pelo narcotráfico como meus amigos. Aqui em Cuba estudo medicina, e gratuitamente!”

A solidariedade está mobilizada para impulsionar uma solução legal, com o apoio do governo, para a revalidação dos diplomas dos 800 médicos brasileiros lá formados e que ainda estão impedidos do livre exercício da profissão tão necessária ao povo brasileiro. Espantoso, em 2004, 120 médicos cubanos que estavam atuando em paupérrimas cidades de Tocantins, com taxas de mortalidade infantil semelhantes a uma pena de morte, foram obrigados a deixar o Brasil em razão de ação judicial interposta pelo Conselho Federal de Medicina. Certos segmentos de profissionais brasileiros nem vão os lugares mais inóspitos, nem aceitam que médicos cubanos lá estejam. Isto nos leva a refletir sobre como há várias leituras do juramento de Hipócrates.

Há projetos de lei em curso para solucionar a questão, mas os rítmos do parlamento são complexos, enquanto a vida dos pobres é de dolorosa urgência em matéria de saúde. Fico a imaginar se estes 800 médicos já pudessem praticar a medicina solidária que aprenderam em Cuba em todos os assentamentos da reforma agrária e na comunidades pobres do país......

Timor Leste, Brasil e Cuba juntos


Em viagem ao Timor Leste, país que também é alvo de solidariedade concreta do Brasil, a solidariedade doou uma rádio comunitária para divulgar música e cultura brasileira, capacitar em rádio-jornalismo e aprimorar a prática do português, um dos idiomas oficiais da nação maubere. Para nossa surpresa, lá encontramos 400 médicos cubanos trabalhando em solidariedade àquele povo que foi vitima do maior genocídio do século, com apoio irrestrito dos EUA. Pois o presidente timorense, Ramos-Horta, revelou que o embaixador dos EUA lá no Timor pressionou-o para que não recebesse os médicos cubanos. O diálogo é revelador da desumanidade do governo estadunidense: “Embaixador, quantos médicos os EUA tem aqui no Timor?” Relutante, o gringo respondeu: “Temos um, que atende os funcionários da nossa embaixada”. “Pois então, embaixador - disse Ramos - nós vamos receber sim os médicos cubanos e sua generosa solidariedade!” Os EUA mandaram matar e agora querem proibir os timorenses recebam ajuda dos médicos cubanos!!!!

Foi nesta oportunidade que soubemos de um convênio de Cooperação entre Cuba,Brasil e Timor pelo qual, os 600 jovens timorenses que estão na Ilha hoje, quando se formarem, antes de regressar ao Timor, farão um estágio no admirável Instituto Oswaldo Cruz, como parte da integração do Brasil a esta ação solidária de Cuba com o Timor. É por estas e outras que a agenda da solidariedade brasileira pode avançar, ter mais audácia, apresentando propostas concretas ao governo para ir mais além. Se Cuba, um país pequeno, tem capacidade de repartir seus recursos materiais e humanos com mais de 70 países, por que não o Brasil?

Unila e Universidade da África

É claro que quando Lula decreta a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, a Unila, com sede em Foz do Iguaçu, e a Universidade da África, com sede em Redenção, no Ceará – primeira cidade a abolir o escravagismo no país - está demonstrando o quanto o Brasil quer e pode pagar a dívida histórica que tem para com os povos africanos e também com nossos irmãos latino-americanos. Acordos podem ser feitos com Elam para que profissionais e alunos intercambiem experiências, para que haja uma cooperação cada vez mais aprofundada, já que aí não haverá qualquer hipótese de colonialismo, como pode ocorrer quando o convênio é com uma universidade de país imperialista.


Haiti, Cuba e Brasil também juntos


Foto: Haiti
Forte exemplo vem no acordo firmado entre Cuba-Brasil-Haiti, pelo qual cubanos e brasileiros vão reestruturar, conjuntamente, o demolido sistema de saúde do Haiti, com os brasileiros doando todos os equipamentos, realizando as construções e enviando pessoal. Cuba já tem lá a maior brigada médica, inclusive com brasileiros que estudaram na ELAM Estes acordos indicam que podemos ir mais além. Por exemplo, selando convênios entre a Academia de Ciências de Cuba e a SBPC para que os principais trabalhos de cientistas cubanos possam ser apresentados anualmente das reuniões dos cientistas brasileiros, uma forma concreta de integração e ao mesmo tempo democratização do saber. Quanto não será possível fazer na área da produção de medicamentos, na qual Cuba tem larga experiência com vacinas, tendo o Brasil, além do Instituto Osvaldo Cruz, uma expressiva base industrial de grande escala, com capacidade de produzir para toda a África, onde já estão instaladas instituições estatais brasileiras. E Cuba, lembremos, já enviou vacinas ao Brasil quando do surto de meningite anos atrás....
Foto: Terremoto no Haiti e nossos soldados lutam com amor e solidariedade


Não é hora de timidez

Enfim, não se pretende esgotar todo o potencial a ser explorado. O que sim é possível, a partir da nova realidade política progressista latino-americana e expandir, aprofundar, consolidar e qualificar ainda mais a justa agenda da solidariedade brasileira com Cuba. Porém, partindo já de uma nova base, pois, representando o povo brasileiro Lula defendeu claramente o fim do bloqueio a Cuba e defendeu aquela nação frente à campanha midiática imperialista que tentou transformar a morte de um preso comum em fato político. Lula não caiu na esparrela. Ele sabe quantos jovens morrem degolados e esquartejados ainda nos presídios brasileiros, sabe quantos negros e pobres morrem a cada ano nas chacinas promovidas por grupos de extermínio completamente fora de controle, sabe que apesar de seu compromisso com os direitos humanos ainda se mata religiosos, sem-terras, sindicalistas. Ele próprio viveu na pele a perda da esposa e do filho em razão de um sistema de saúde que não dá, ainda, a atenção devida aos mais necessitados. Ele sabe quantos morrem nas filas, no trãnsito, nos acidentes de trabalho que matam impressionantemente, mortes evitáveis na maioria dos casos. Tudo isto ainda é desafio a ser superado.

Mas Lula sabe, sobretudo, que em Cuba as crianças estão todas nas escolas, que as crianças não trabalham como ele foi obrigado a trabalhar, que a mortalidade infantil é inferior à dos EUA, que a mortalidade materna está praticamente controlada....E sabe que há prisioneiros, delinqüentes, que se lançam para derrubar este sistema de justiça social mediante remuneração do exterior, dos mesmos que fizeram tantos atentados contra a vida de cidadãos cubanos, inclusive guerra bacteriológica, propagando artificialmente, por aviões, a dengue hemorrágica que matou mais de 300 crianças.

Solidário com o povo cubano, Lula declarou também que o Brasil será o principal parceiro de Cuba. Lá já estão a Petrobrás, a Embrapa, empresas construindo o Porto de Mariel. É uma solidariedade concreta. Os movimentos de solidariedade podem partir deste nível criado por Lula para ir muito mais além. Com a mesma coragem, desprendimento e determinação que tiveram aqueles dois soldados cariocas que lutaram no Exército de Marti. Em solo cubano libertário está o sagrado sangue brasileiro solidário. Não conheceram Sílvio Rodriguez, mas talvez cantassem ao seu modo, com o seu gesto, “Por quíen merece amor”



(*) Diretor da Telesur


às 11:43 Marcadores: Convenção Nacional de solidariedade a Cuba Timor Leste Haiti midia EBC TV Brasil Lula Fidel Castro

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Resoluções da 1ª Confecom são debatidas em audiência na CCTI

Resoluções da 1ª Confecom são debatidas em audiência na CCTI

As resoluções da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foram debatidas em audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática nesta quinta-feira (10/06).

As resoluções da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foram debatidas em audiência pública na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática nesta quinta-feira (10/06). O Plano Nacional de Banda Larga, divulgado pelo governo em maio, foi o ponto mais polêmicos dos debates. Embora representantes do governo destacassem que algumas das resoluções da Confecom já estão sendo implementadas, os movimentos sociais querem que este processo seja acelerado.

Na audiência, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, disse que as 672 propostas aprovadas na 1ª Confecom estão sendo examinadas para que sejam identificadas quais delas implicam em mudanças no marco legal da comunicação no país. Muitas das propostas aprovadas na Conferência remetem à regulamentação do artigo 221 da Constituição, que estabelece princípios para a comunicação eletrônica, como o estímulo à produção de conteúdo independente e a regionalização da produção. Segundo Martins, após essa análise o governo encaminhará recomendações para o Congresso Nacional.

O ministro lembrou que a instituição do marco regulatório civil da internet e a ampliação do acesso da banda larga também foram mencionadas em grande parte das diretrizes aprovadas na conferência. E teve o reforço do procurador-geral da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Marcelo Bechara, que coordenou o processo da 1ª Confecom e reafirmou que o governo já está implementando algumas diretrizes, como o Plano Nacional de Banda Larga e o marco regulatório civil na internet, que estava em consulta pública até 2 de junho e cujo anteprojeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso Nacional ainda em 2010.

No embalo da temática, o superintendente-executivo da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), Cesar Rômulo Silveira Neto, cutucou o governo ao afirmar que o setor de telecomunicações vive a situação peculiar de implementar proposta rejeitada na 1ª Confecom. Referia-se ao movimento do governo de fortalecer a Telebrás para fornecer serviços de telecomunicações e coordenar a criação de infraestrutura pública para oferta de internet de banda larga.

Para Roseli Goffman, da Coordenação Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a participação da Telebrás no Programa Nacional de Banda Larga é de interesse do Estado e da sociedade brasileira. Segundo ela, a proposta rejeitada na Confecom foi apresentada por movimentos sociais ligados à democratização das comunicações. A rejeição ocorreu porque a bancada empresarial presente na Conferência votou em bloco contra a proposta. A representante do FNDC também defendeu a aprovação, pelo Congresso Nacional, de lei que permita a utilização do Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) no programa de banda larga.

Outros temas abordados na audiência na CCTI foram o Projeto de Lei 29/07, que abre o mercado de televisão a cabo para as concessionárias de telefonia fixa e institui cotas de conteúdo nacional e independente na TV por assinatura, que tem apoio do governo, a instituição de novas regras para as rádios comunitárias, a instalação do Conselho de Comunicação Social (CCS) pelo Senado, a proibição de concessões de rádio e TV a detentores de cargos públicos, a adoção de mecanismos de participação social na formulação de políticas públicas para o setor, a adoção de uma Lei Geral da Radiodifusão e a regulamentação do artigo 220 da Constituição, que proíbe o monopólio dos meios de comunicação.

Com informações da Agência Câmara

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Conselho Curador da EBC dá posse a novos conselheiros

Conselho Curador da EBC dá posse a novos conselheiros
EBC - 01/06/10

O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) empossou nesta terça-feira (1º), na sede da empresa no Rio de Janeiro, dois novos representantes da sociedade civil: o engenheiro elétrico Takashi Tome e o jornalista Mario Augusto Jakobkind.

Os dois conselheiros foram nomeados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de decreto, publicado no último dia 28 de maio, que indicou também a jornalista Ana Veloso, a ser empossada posteriormente. Os nomes foram propostos por grupos da sociedade civil, conforme estabelece a lei que criou a EBC.

O engenheiro Takashi, que trabalha no desenvolvimento de tecnologias de telecomunicações na Fundação CpqD e está engajado em pesquisa prospectiva sobre Internet do Futuro, espera contribuir com o trabalho do Conselho e da EBC.

Já o jornalista Mario Augusto ressaltou a importância da ABI no Conselho e disse que o fortalecimento da rede pública é um sonho antigo da imprensa.

A presidente da EBC, Tereza Cruvinel, deu boas vindas aos novos conselheiros e disse que conta com a experiência do Takashi para desenvolver aplicativos interativos destinados à TV Digital.

Os dois novos membros do Conselho assumem o lugar de Rosa Magalhães e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, que tiveram seus mandatos vencidos.