sábado, 29 de setembro de 2012

Os escritos e pronunciamentos econômicos de Getúlio Vargas (7)

Os escritos e pronunciamentos econômicos de Getúlio Vargas (7)

Continuação da edição anterior

A mim preocupa extraordinariamente a sorte de milhões de trabalhadores, aos quais se diz permanentemente que não é possível reajustar salários porque a crise está às portas. Preocupa meu espírito o futuro desses homens, ameaçados da redução de possibilidades de trabalho. Preocupa a minha consciência o destino do esforço de todos os que trabalham no Brasil nas fábricas, nas lavouras e nos campos

GETÚLIO VARGAS

Todos sabem que a Confederação das Associações Comerciais do Rio de Janeiro sempre foi altiva e independente. Desejo transcrever o item VI das conclusões do Memorial da Confederação das Associações Comerciais apresentado ao chefe da nação: "Ajustar a política do Banco do Brasil às necessidades da produção e não meramente às necessidades financeiras do Tesouro".

Mais ainda, o senador Ribeiro Gonçalves declarou, em aparte ao senador Ivo D’Aquino, que: "É tremenda a crise que está atravessando presentemente o comércio de exportação de cera de carnaúba". Essa crise atinge principalmente o Piauí e o Ceará, que estão reclamando financiamento.

Vários deputados acabam de apresentar na Câmara uma indicação para um inquérito que determine as causas das anormalidades da situação da indústria têxtil, com o objetivo de se tomarem providências que "salvem da crise a indústria têxtil, setor importante da economia brasileira".

Não me consta que a Confederação das Associações Comerciais esteja encampando pontos de vista de especuladores e, menos ainda, que senadores e deputados de vários partidos, muitos dos quais meus adversários políticos, estejam defendendo pontos de vista de especulação. Não me consta que a criação de uma Comissão Especial de Pecuária na Câmara dos Deputados, para examinar a difícil situação em que se encontram os criadores do Brasil, seja um movimento de especuladores.

Transcrevo, finalmente, um telegrama da Associação Comercial e Industrial de Blumenau:

"A Associação Comercial e Industrial de Blumenau tem a satisfação de levar ao conhecimento de V.Exa. que, reunida em sessão conjunta com representações do comércio e da indústria, estudou com cuidado e atenção a gravíssima situação por que vêm atravessando as nossas classes conservadoras locais, originada pela retenção das operações de descontos de títulos comerciais junto aos estabelecimentos de crédito da praça. Cientificamos V.Exa. de que expedimos telegramas mesmo sentido Sr. Presidente da República, Dr. Nereu Ramos, ministros da Fazenda e Trabalho, presidente Banco do Brasil e nossas representações Senado e Câmara Federal, encarecendo a todos providências urgentes e imediatas para que seja determinado Banco do Brasil local proceder aumento limite para operações descontos títulos de nossas classes conservadoras e determine o redesconto títulos transacionados demais bancos locais. Cientificamos a V.Exa. que fato está causando alarme requerendo por isso providências de nossas autoridades constituídas a fim seja evitada uma possível convulsão social local. Resta-nos assim solicitar a V.Exa. interferir junto demais autoridades solução magno problema que constituirá tranquilidade apreensões existentes e defesa nosso parque industrial seriamente ameaçado. Respeitosas saudações. Joaquim Gonçalves, presidente".

Será que os comerciantes e industriais de Blumenau também são especuladores? Disse o senador Ivo D’Aquino: "Talvez tenhamos sido imprevidentes e alimentado no espírito uma ilusão que tristemente agora se dilui".

Eu não estou sendo imprevidente. Chamei a atenção para o reflexo da política monetária sobre os orçamentos. E o ilustre líder do PSD declara, textualmente: "Todos os governantes do Brasil devem ter em atenção que, refreado o surto inflacionista, podem ficar na contingência de, antes de terminado o terceiro semestre [sic] do exercício anual, não estarem em condições de pagar o funcionalismo".

Está bem claro que o governo sabe para onde caminha. Quando chamei a atenção para a repercussão da crise sobre os orçamentos, quis ser previdente. Mas o governo já sabe que pode ficar na contingência de não ter dinheiro para pagar o funcionalismo. E o ilustre senador Ivo D’Aquino está avisando os governadores dos estados de que isto pode acontecer.

Os sem-trabalho vão aumentar em número. O governo os concita a procurar outras profissões. Quais? Na lavoura, na pecuária? Certamente não, porque lavoura e pecuária estão em crise e sem recurso. Onde? Pouco importa.

Deixamos de ser devedores internacionais para sermos credores internacionais. E isto vejo que entristece profundamente todos aqueles que, durante anos, sempre desejaram o Brasil de sacola na mão, como um pedinte, roto e esfarrapado.


COMBATE


Entretanto, vejamos como se combate a inflação. As emissões levadas a efeito, desde que deixei o governo, tiveram um lastro em ouro e divisas de apenas 44%, enquanto eu deixei a média de 73% de lastro. E, devido a essas emissões, a média geral do nosso lastro baixou de 73% para 67%.

Isto é que é inflação e não deflação. Aumentar o papel-moeda sem aumentar principalmente as nossas reservas em ouro e divisas é o que se chama inflação, inflação verdadeira, inflação real, inflação objetiva.

Não fui eu que criei a inflação. Inflação é esta que se está fazendo sob a máscara da deflação, conseguindo-se apenas reduzir créditos, reduzir os recursos à produção e ocultar, com palavras, uma realidade que já começa a ser dolorosa, sem reduzir os preços, antes pelo contrário, alcançando uma sensível elevação do custo da vida.

Contestem estas cifras. Provem que não é verdade que diminuiu a percentagem de lastro em ouro e divisas sobre a moeda emitida. Provem que os preços não aumentaram. E depois voltem a falar em inflação.

Já mostrei que o déficit orçamentário de 1946 foi o maior de todos os tempos da história econômica, financeira e administrativa do nosso país. Já mostrei, ainda, que a percentagem de lastro em ouro e divisas sobre a moeda emitida baixou de 73 para 67%. E todos sabem que os preços subiram. A literatura sobre inflação continua e agora é que começamos a inflação com déficits orçamentários tão vultosos e com a redução das nossas divisas.

Não desejo me estender mais. O que se está fazendo no Brasil é querer calçar um sapato de criança num gigante. O que se está fazendo é esconder a realidade ao chefe da nação, é pretender intoxicar a opinião pública com palavras que não resistem nem ao tempo nem aos fatos. Não há crise no Brasil. Reina paz em Varsóvia.


COMPLEXO


Vejo, com profunda tristeza, que o que existe por parte de alguns homens em nosso país, arvorados em líderes da economia nacional, é apenas um acentuado complexo contra o trabalhador brasileiro.

Não me preocupam interesses e lucros industriais. Não me preocupam lutas entre grupos que porventura se tenham desavindo. A indústria tem, nesta Casa, seus representantes, e eles que a defendam, caso precise de defesa.

O que se pretende é destruir o valor desse trabalho, reduzir a papel o que é ouro e moeda estrangeira, já incorporados ao patrimônio da nação. O que se pretende é criar o monopólio do dinheiro, destruir todas as iniciativas, sufocar o nosso povo e reduzir os operários a mendigar trabalho.

Não tínhamos, no Brasil, o problema dos desocupados. Eis o que se pretende criar. Uma vez determinada a impossibilidade de desenvolvimento industrial, os operários sofrerão as consequências da crise com o desemprego. Haverá mais oferta de braços do que procura. E os trabalhadores irão, pela fome, pela necessidade imediata e premente, renunciando às conquistas sociais e voltando à situação de escravos dos que possuem dinheiro.

Não é nem pode ser este o programa de um presidente da República do Brasil. Mas é isto o que se está fazendo.


GOVERNO


Ninguém mais do que eu sabe como é difícil governar e fácil criticar. Todos, porém, podem verificar que o que se está fazendo é mais criticar do que governar.

Cito um exemplo claro: todos achamos que a inflação é um mal. O governo investe contra a inflação. O Banco do Brasil faz relatórios contra a inflação. Vejamos os fatos: emite-se na base 44% sobre as divisas e baixa-se o nível do lastro de 73% para 67%. Todos achamos que os orçamentos devem ser equilibrados. Vejamos os fatos: um déficit de 2.600 milhões. Todos achamos que a lavoura e a pecuária devem ser estimuladas e desenvolvidas. Vejamos os fatos: reduzem-se os empréstimos rurais. Todos achamos que se deve combater a alta dos preços. Vejamos os fatos: os preços continuam subindo.

Mas, vamos admitir que meu governo tenha errado. Vamos admitir que a orientação econômica e financeira executada pelo meu ministro da Fazenda seja a causadora de todos os males. Não foi. Estou convencido disso e disso está convencida a Câmara dos Deputados, que elegeu presidente da Comissão de Finanças o ilustre representante do Rio Grande, Sr. Artur de Sousa Costa [ministro da Fazenda de Getúlio (1934 a 1945)].

Mas vamos admitir tudo isso. Pois bem, por que se emitiu mais com menos lastro de reservas e por que continuamos em déficit? Por que não corrigimos esses erros? Se é difícil, se não é possível, não se deve criar na opinião pública a consciência de que o governo sabe que está errado e não pode deixar de errar. Porque o povo não passa a ter uma opinião menos favorável em relação a esse governo, que precisa, como todos, do apoio da consciência popular.

Vejamos, por exemplo, a questão de preços. O governo baixou um decreto congelando todos os preços. Repetiu a tentativa da Portaria nº 36, de 8 de janeiro de 1943, da Coordenação da Mobilização Econômica. Mas a coordenação fez essa portaria como ensaio e eu não arrisquei a autoridade do governo, porque sei que os preços não se controlam nem por decretos, nem com portarias. De qualquer forma, essa ação tinha o objetivo de conter, administrativamente, as tendências para alta. E se foi fazendo o possível, dentro das dificuldades da guerra, que chegou a reduzir nossa eficiência de transporte marítimo a pouco mais de 30%.

Em relação aos tecidos fez-se um acordo, obrigando-se a indústria a fornecer a uma comissão especial um mínimo de 100 milhões de metros por ano na base de preços de custo. Foram fixados esses preços. Em 30 de novembro de 1945, o coordenador, em sua Portaria 424, baixou os preços de todos os tecidos em 10%. A regulamentação e a fiscalização dessa portaria ficaram a cargo da Comissão Executiva Têxtil. Leia-se o Diário Oficial de 1º de dezembro de 1945. A Cetex assumiu, portanto, essa responsabilidade. Mais ainda: regulamentou a portaria do coordenador em Resolução nº 16, de 10 de dezembro de 1945, publicada no Diário Oficial de 15 de dezembro do mesmo ano. Ficou, assim, com o encargo de fiscalizar a redução de preço. Isto foi feito? Positivamente não!

O ilustre senador que me contestou declara que a Comissão Executiva Têxtil não tinha o controle dos preços. Estou documentando que minha afirmação era verdadeira.

Depois o governo criou a Comissão Central de Preços e congelou todos os preços das utilidades, pelo Decreto-Lei nº 9.125, de 4 abril de 1946. Como foi cumprida essa determinação? A Cetex ficou com a competência exclusiva até recentemente, quando o atual vice-presidente da CCP interveio na matéria e determinou a marcação dos preços de fábrica. Não desejo discutir mais este assunto. Apresento as provas do que disse e estou convencido de que o vice-presidente da CCP, dentro de pouco, transferirá suas armas e bagagens para outro setor, porque teve a petulância de pretender impedir o sacrifício do povo, que se está fazendo com o monopólio dos frutos da famosa árvore benfazeja já não só em sombras e flores.

Insisto num ponto: há um complexo contra o trabalhador brasileiro. Acham que ele não deve ser operário nas fábricas, que o Brasil não deve ter indústria, que é indispensável destruir toda e qualquer possibilidade de trabalho fora dos campos. O Brasil, no conceito desses homens, deve ser uma nação essencialmente agrícola. O operário deve mudar de profissão, pelo que pretendem, ou então voltar ao regime da escravatura.

No momento em que a Argentina, sem energia hidrelétrica, sem carvão, sem ferro, sem a riqueza fantástica de matérias-primas que o Brasil possui, se lança num programa ativo de industrialização, nós devemos voltar atrás. E o operário deve desaparecer.

Não vejo como se consegue baixar o custo de vida elevando o preço do dinheiro. O resultado de uma política de elevação do preço do dinheiro pode ser imediatamente o de uma baixa nos preços dos estoques e, portanto, uma perda de substância para a indústria, o comércio, a lavoura e o orçamento. Mas fatalmente representará, logo que se liquidarem os estoques, uma elevação do custo da produção.

Há ainda um fenômeno de excepcional importância, que se está processando: é o desânimo dos produtores. Desânimo tanto mais grave quanto coincide com as possibilidades de importação de maquinismos. Muitas empresas, na atual situação, não se aventuram a uma tarefa tão ingente. E muitas outras já não mais possuem os recursos indispensáveis a uma reforma de instalações.

Quem sofre, mais do que o empregador, é ainda o operário, que vê desaparecer a possibilidade técnica de melhorar seu nível de vida através do trabalho em máquinas de maior produção e eficiência.

E a mim preocupa extraordinariamente a sorte de milhões de trabalhadores, aos quais se diz permanentemente que não é possível reajustar salários porque a crise está às portas. Preocupa meu espírito o futuro desses homens, ameaçados da redução de possibilidades de trabalho. Preocupa a minha consciência o destino do esforço de todos os que trabalham no Brasil nas fábricas, nas lavouras e nos campos. São Paulo sofre e eu sofro com São Paulo.

Fonte: Hora do Povo

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Nunca pare de lutar!!!!






Nunca Pare de Lutar

Ludmila Ferber

O que vem pra tentar ferir
O valente de Deus
Em meio às suas guerras?

Que ataque é capaz
De fazê-lo olhar pra trás
E querer desistir?

Que terrível arma é
Usada pra tentar paralisar sua fé?

Cansaço, desânimo
Logo após uma vitória
A mistura de um desgaste com um contra-ataque do mal
A dor de uma perda, ou a dor da traição
Uma quebra de aliança, que é raiz da ingratidão

Se alguém está assim, preste muita atenção
Ouça o que vem do coração de Deus:

Em tempos de guerra, nunca pare de lutar
Não baixe a guarda, nunca pare de lutar
Em tempos de guerra, nunca pare de adorar
Libera a Palavra, profetiza sem parar

O escape, o descanso, a cura
A recompensa vem sem demora

Há um lugar!

Cantora Heloísa Rosa

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Concurso de Redação do Senado recebe primeiros textos finalistas

26/09/2012 - 09h49 Institucional - Atualizado em 26/09/2012 - 10h09

Concurso de Redação do Senado recebe primeiros textos finalistas


Da Redação

O Senado recebeu nesta terça-feira (25) os primeiros textos finalistas da quinta edição do concurso de redação promovido pela Casa. As três redações mais bem classificadas em Pernambuco foram entregues pelo coordenador do Programa Jovem Senador no estado, Antônio Carlos Mendes, ao secretário-geral da Mesa adjunto, João Pedro Lobo Caetano.

As secretarias de Educação têm até a próxima sexta-feira (28) para enviar as redações que representarão seus estados. O envio pode ser feito pelos Correios. O representante pernambucano esteve em Brasília para participar de outro evento e conciliou sua presença com a entrega em mãos.

Mendes elogiou a iniciativa do Senado, ressaltando a importância da provocação e da conscientização política dos jovens. Para ele, essa ação contribui para despertar “a ideologia, o acreditar”, e mostra a eles o lado da “política verdadeira, a política do fazer”. Ele citou o exemplo de Samira Paulino, jovem senadora por Pernambuco em 2011, que teve sua ideia transformada em projeto (PLS 261/2012) com tramitação real na Casa. Depois de participar do programa na Capital Federal, Samira passou a conduzir uma série de ações relacionadas à Educação em Recife e compartilha a sua experiência com outros jovens.

O coordenador também destacou a boa organização do evento, dizendo ser uma referência para o estado. Ele explicou que a coordenação em Pernambuco é realizada pelo Programa Jovens Pernambucanos, com a participação dos próprios estudantes. O programa é chancelado pela assembleia estadual e os jovens são ouvidos pela Comissão de Educação. O núcleo conta com dez estudantes que foram finalistas em programas realizados no ano passado. Além de um jovem senador, o grupo é composto por quatro jovens parlamentares (concurso promovido pela Câmara), três jovens embaixadores do turismo (Secretaria de Turismo de Pernambuco), e dois jovens embaixadores (Embaixada dos Estados Unidos).

Senado Jovem

Com o tema "Meu município, meu Brasil" em 2012, o Concurso de Redação do Senado é uma etapa do Programa Senado Jovem. Foram convidados a participar todos os alunos do 2º e do 3º ano do Ensino Médio de escolas públicas estaduais e do Distrito Federal, com idade de 16 a 19 anos.

As inscrições encerraram-se no dia 31 de agosto e os resultados finais serão divulgados pelo Senado Federal até o dia 15 de outubro. Os 27 finalistas no Concurso de Redação – um por unidade da Federação – são automaticamente selecionados para participar do Projeto Jovem Senador, que será realizado de 19 a 22 de novembro, em Brasília, na sede do Senado.

Durante três dias, os alunos finalistas exercem um mandato fictício de senador da República, vivenciando o processo de discussão e elaboração das leis, com assessoramento da equipe técnica do Senado. As ideias apresentadas podem efetivamente se tornar projetos de lei com tramitação na Casa.

Os estudantes também serão premiados com notebook, medalha, certificado e publicação da sua redação no livreto produzido pelo Senado.

As escolas dos alunos classificados nos três primeiros lugares na etapa nacional receberão computadores (desktops), publicações técnicas e multimídias produzidas pelo Senado, além do certificado de participação.

Agência Senado

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Processos de cicatrização de feridas


Processos de cicatrização de feridas

Postado por Luciano Maia

Diversas são as classificações das feridas. Segundo o objeto que as causou elas têm formas diferentes. Aquelas causadas por uma faca ou um bisturi, por exemplo, são compridas e tem as bordas lisas; as provocadas por uma mordedura de cão, irregulares; por um prego ou punhal, profundas. Todas podem ter uma curta ou longa extensão.



Elas podem ser feridas limpas ou infectadas. Esta exige mais cuidados.

Para cada tipo de lesão, um tipo de curativo, de medicação, procedimento: as lisas (facas, lembra?) as bordas são aproximadas por sutura (os famosos pontos); feridas irregulares (mordidas), não são fechadas, elas cicatrizam pelo que se chama por segunda intenção – saram de dentro para fora. E por aí vai.



Em toda ferida é verificado se ela está limpa, se não está com secreções, ou outras coisas que comprometem a boa cicatrização e conseqüente cura. Por vezes é necessário fazer o que é chamado de expressão: é exercida uma pressão procurando por secreções escondidas dentro da ferida (trocando em miúdos, a gente espreme a ferida); outras vezes, é preciso limpar cuidadosamente, diariamente, para retirar impurezas (as casquinhas de ferida). Dispensável dizer que esse processo de tratamento da ferida é demorado, meticuloso e, invariavelmente, doloroso.



Com o passar dos dias e a manutenção do tratamento, observa-se que tanto o aspecto da ferida torna-se bom, como a resposta dolorosa diminui e o procedimento fica mais rápido. Diversas vezes quando da boa, satisfatória evolução da ferida, durante a troca de curativos o paciente manifesta surpresa: já terminou? Nem doeu! De fato é mais rápido e menos doloroso.



Quando são encerradas as trocas dos curativos, devido a ferida estar quase totalmente cicatrizada, ela fica aberta, sem cobertura alguma (gaze ou esparadrapo).

A medida que ela melhora o paciente deixa de lembrar-se dela. Ah! Nem doeu hoje! Vixe! até esqueci isso aqui em mim…



Essas feridas são no maior órgão do corpo humano: a pele.



Agora, troque comigo o alvo dessa ferida: pele por alma.

Alma: centro das nossas emoções.

E o processo é igualzinho, igualzinho… …! Todas podem ter uma curta ou longa extensão.



Às vezes, a ferida é precisa como um corte; outras, dilacerante como que arrancado um pedaço por uma mordida louca; ou profunda que vai até onde a gente nem imaginava que pode doer…



Para elas serem tratadas o que se usa? Paciência, muita paciência. Amigos – os mais leais! Boa música, sossego. O Zeca Baleiro canta: “eu não quero ver você tomando ópio para sarar a dor”, é de dor visceral a que ele se refere. É essa a dor da ferida da alma.



E o mais importante: Fé em Deus! Essa intravenosa (é, na veia!), uso contínuo.



Fé em Deus, que sabe da agonia, da tristeza, e da angústia da alma. Certeza de que nesses terríveis dias Ele ouve, responde, livra da dificuldade. Que Ele acalenta o coração judiado.



E o processo de tratamento é semelhante.

Contudo, normalmente, o que se observa é que são feridas infectadas. (Tornam-se infectas e purulentas as minhas chagas. Salmo 38:5a)

É preciso sarar por segunda intenção e tratar espremendo, limpando, limpando… tirando qualquer foco de reinfecção até que não tenha mais nada que impeça a total cicatrização da ferida.

Esperar com paciência pela cura: sim o paciente precisa desenvolver a paciência. Precisa confiar no Senhor que “sara os de coração quebrantado, e lhes ata as feridas”. Salmo 147:3

Eu hoje fiquei tão contente e grata! Era quase final do dia quando, porventura, eu lembrei que tinha ferida.

Ah! Nem doeu hoje!?!? Vixe! até esqueci isso aqui em mim!! Tal e qual a ferida da pele.

Colaborou: Rosa Maria Carvalho


Rodrigo / 06/09/2012

É realmente esse texto que estava precisando, mas minha fé parece ser muito pequena… como sou imperfeito, eu acredito que Deus está me carregando no colo, mas esse meu erro de querer e rezar pra que Ele me livre das dores do passado de forma urgente… isso que complica, que parece que náo temos respostas, mas eu acredito que Ele está cuidando de mim, rezo pra que ele me livre das correntes do passado e me abençoe com o futuro que ele prepara pra mim, o problema é eu ser como uma criança que quer as coisas pra ontem.
Responder
Rosa Maria / 06/09/2012

Ah, Rodrigo, tem uma coisa que não coloquei no texto. O tecido de cicatrização formado sobre a ferida é, digamos assim, reforçado. O corpo entende que ali houve um rompimento e, com isso, uma fragilidade; então, o corpo produz um tecido mais forte, para evitar um novo rompimento.
E isso é um espetáculo!
Abraço!

Fonte: Café com Deus

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

A América ladeira abaixo rumo à pobreza

A América ladeira abaixo rumo à pobreza

PAUL CRAIG ROBERTS*

Os Estados Unidos entraram em colapso economicamente, socialmente, politicamente, legalmente, constitucionalmente, ambientalmente e moralmente. O país de hoje não é nem mesmo uma sombra do país em que nasci. Neste artigo tratarei do colapso econômico da América. Em artigos seguintes tratarei de outros aspectos do colapso americano.

Economicamente, a América desceu a ladeira rumo à pobreza. Como diz Peter Edelman , "os baixos salários já são uma pandemia".

Na atual América da "liberdade e democracia", "a única superpotência do mundo", um quarto da força de trabalho tem empregos que pagam menos de US$ 22.000 [por ano], a linha de pobreza para uma família de quatro pessoas. Algumas destas pessoas mal remuneradas são jovens licenciados em faculdades, sobrecarregados com empréstimos para a educação, que partilham o mesmo teto com três ou quatro outros na mesma situação desesperada. Outras delas são pais solteiros com problemas médicos ou desempregadas.

Outros podem ter PhD e ensinarem em universidades como professores adjuntos por US$ 10.000 anuais ou menos. A educação ainda é apregoada como o caminho para sair da pobreza, mas torna-se cada vez mais um caminho para a entrada na pobreza ou para o alistamento nos serviços militares.

Edelman, que estuda estas questões, informa que 20,5 milhões de americanos têm rendimentos inferiores a US$ 9.500 por ano, o que equivale a metade da definição de pobreza para uma família de três pessoas.

Há seis milhões de estadunidenses cujo único rendimento é o do auxílio-alimentação (food stamps). Isso significa que há seis milhões de americanos que vivem nas ruas ou em casas de parentes ou amigos. Republicanos cruéis continuam a combater o estado de bem-estar (welfare), mas Edelman afirma que "basicamente o estado de bem-estar já se foi".

Na minha opinião, como economista, a linha oficial de pobreza está desde há muito ultrapassada. A perspectiva de três pessoas a viverem com US$ 19.000 por ano é descabelada. Considerando os gastos com a casa, eletricidade, água, pão e refeições, uma pessoa não pode viver nos EUA com US$ 6.333,33 por ano. Na Tailândia, talvez, até o dólar entrar em colapso, isso possa acontecer, mas não nos EUA.

Como Dan Ariely (Duke University) e Mike Norton (Harvard University) mostraram empiricamente, 40% da população, os 40% menos ricos, possuem 0,3%, isto é, três décimos de um por cento, da riqueza pessoal da América. Quem possui os outros 99,7%?

Os 20% do topo têm 84% da riqueza do país. Aqueles americanos nas classes C e D – essencialmente a classe média da América – têm apenas 15,7% da riqueza da nação. Uma distribuição tão desigual do rendimento é sem precedentes no mundo economicamente desenvolvido.

No meu tempo, confrontado com tamanha disparidade na distribuição do rendimento e da riqueza, uma disparidade que obviamente coloca um problema dramático para a política econômica, a estabilidade política e a macrogestão da economia, os democratas teriam exigido correções e os republicanos teriam concordado com relutância.


TUDO POR DINHEIRO

Mas não hoje. Ambos os partidos prostituíram-se por dinheiro.

Os republicanos acreditam que o sofrimento dos americanos pobres não está ajudando os ricos suficientemente. Paul Ryan e Mitt Romney comprometeram-se a abolir todo programa que trate de necessidades que os republicanos ridicularizam como "consumidores inúteis" ("useless eaters").

Os "consumidores inúteis" são os trabalhadores pobres e a antiga classe média cujos empregos foram deslocados para outros países de modo a que executivos corporativos pudessem receber muitos milhões de dólares de pagamento em compensação pelo desempenho e os seus acionistas pudessem embolsar milhões de dólares com os ganhos de capital. Enquanto um punhado de executivos desfruta iates e garotas Playboy, dezenas de milhões de americanos mal conseguem sobreviver.

Na propaganda política, os "consumidores inúteis" não são somente um fardo para a sociedade e os ricos. Eles são sanguessugas que forçam contribuintes honestos a pagar pelas muitas horas de lazer confortável em que desfrutam a vida, assistindo eventos desportivos e pescando trutas, enquanto o trabalhador tem de vender seu corpo no MacDonalds mais próximo.

A concentração de riqueza e poder nos EUA de hoje vai muito além de qualquer coisa que os meus professores de ciência econômica pudessem imaginar na década de 60. Em quatro das melhores universidades do mundo que frequentei, a opinião [predominante] era que a competição no mercado livre impediria grandes disparidades na distribuição do rendimento e da riqueza. Como vim a aprender, esta crença era baseada numa ideologia – não na realidade.

O Congresso, ao atuar com base nesta crença errônea da perfeição do mercado livre, desregulamentou a economia dos EUA a fim de criar um mercado livre. A consequência imediata foi o recurso a toda ação que anteriormente era ilegal para monopolizar, cometer fraudes financeiras e outras, destruir a base produtiva dos rendimentos do consumidor americano e redirecionar rendimento e riqueza para os um por cento.

O "democrático" governo Clinton, tal como os de Bush e Obama, foi subornado pela ideologia do mercado livre. O governo Clinton, vendido ao grande capital, aboliu o Bolsa Família. Mas este descarte de americanos batalhadores não foi suficiente para satisfazer o Partido Republicano. Mitt Romney e Paul Ryan querem cortar ou abolir todo programa que amenize a situação de americanos atingidos pela crise e que os impeça de caírem na fome e ficarem sem casa.

Republicanos afirmam que a única razão para a existência de americanos carentes é o governo utilizar dinheiro dos contribuintes para subsidiar os que não querem trabalhar. Da forma como os republicanos veem, enquanto nós trabalhadores esforçados sacrificamos nosso lazer e o tempo com as nossas famílias, a ralé do estado de bem-estar desfruta o lazer que os nossos impostos lhes proporcionam.


CRENÇA MÍOPE

Esta crença míope, de presidentes de corporações que maximizam seus rendimentos deslocando empregos de milhões de trabalhadores americanos para outros países, deixou cidadãos na pobreza e cidades, municípios, estados e o governo federal sem uma base fiscal, o que resulta em bancarrotas o nível estadual e local, bem como déficits orçamentais maciços a nível federal que ameaçam o valor do dólar e o seu papel como reserva de divisa.

A destruição econômica da América beneficiou os mega-ricos com muitos milhares de milhões de dólares com os quais desfrutam a vida e o seu séquito de acompanhantes caros sempre que queiram. Enquanto isso, longe da Riviera francesa, o Ministério do Interior (Homeland Security) está acumulando munição suficiente para manter americanos pauperizados sob controle.


[*] Ex-secretário do Tesouro dos EUA e antigo editor associado do Wall Street Journal.
Fonte: Jornal Hora do Povo