quarta-feira, 31 de março de 2010

UNIVERSIDADE DOS TRABALHADORES, PEDE AJUDA!

UNIVERSIDADE DOS TRABALHADORES, PEDE AJUDA!

Postado por SOA BRASIL 0 comentários
Colabore e divulgue este artigo!

Vamos manter viva a universidade dos trabalhadores!


por José Arbex Jr. [*]

Caros(as) amigos(as):

A Escola Nacional Florestan Fernandes pede a sua ajuda urgente para se manter em funcionamento ( veja como contribuir, no final deste texto ).

Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo), a escola foi construída, entre os anos 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra e simpatizantes. Nos cinco primeiros anos de sua existência, passaram pela escola 16 mil militantes e quadros dos movimentos sociais do Brasil, da América Latina e da África. Não se trata, portanto, de uma "escola do MST", mas de um patrimônio de todos os trabalhadores comprometidos com um projeto de transformação social. Entretanto, no momento em que o MST é obrigado a mobilizar as suas energias para resistir aos ataques implacáveis dos donos do capital, a escola torna-se carente de recursos. Nós não podemos permitir, sequer tolerar a ideia de que ela interrompa ou sequer diminua o ritmo de suas atividades.

A escola oferece cursos de nível superior, ministrados por mais de 500 professores, nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos. Além disso, cursos de especialização, em convênio com outras universidades (por exemplo, Direito e Comunicação no campo).

O acervo de sua biblioteca, formado com base em doações, conta hoje com mais de 40 mil volumes impressos, além de conteúdos com suporte em outros tipos de mídia. Para assegurar a possibilidade de participação das mulheres, foram construídas creches (as cirandas), onde os filhos permanecem enquanto as mães estudam.

A escola foi erguida sobre um terreno de 30 mil metros quadrados, com instalações de tijolos fabricados pelos próprios voluntários. Ao todo, são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório e dois anfiteatros, além de dormitórios, refeitórios e instalações sanitárias. Os recursos para a construção foram obtidos com a venda do livro Terra (textos de José Saramago, músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado), contribuições de ONGs europeias e doações.

Claro que esse processo provocou a ira da burguesia e de seus porta-vozes "ilustrados". Não faltaram aqueles que procuraram, desde o início, desqualificar a qualidade do ensino ali ministrado, nem as "reportagens" sobre o suposto caráter ideológico das aulas (como se o ensino oferecido pelas instituições oficiais fosse ideologicamente "neutro"), ou ainda as inevitáveis acusações caluniosas referentes às "misteriosas origens" dos fundos para a sustentação das atividades. As elites, simplesmente, não suportam a ideia que os trabalhadores possam assumir para si a tarefa de construir um sistema avançado, democrático, pluralista e não alienado de ensino. Maldito Paulo Freire!

Os donos do capital têm mesmo razões para se sentir ameaçados. Um dos pilares de sustentação da desigualdade social é, precisamente, o abismo que separa os intelectuais das camadas populares. O "povão" é mantido à distância dos centros produtores do saber. A elite brasileira sempre foi muito eficaz e inteligente a esse respeito. Conseguiu até a proeza de criar no país uma universidade pública (apenas em 1934, isto é, 434 anos após a chegada de Cabral) destinada a excluir os pobres.

Carlos Nelson Coutinho e outros autores já demonstraram que, no Brasil, os intelectuais que assumem a perspectiva da transformação social sempre encontraram dois destinos: ou foram cooptados (mediante o "apadrinhamento", a incorporação domesticada nas universidades e órgãos de serviços públicos, ou sendo regiamente pagos por seus escritos, ou recebendo bolsas e privilégios etc.), ou os poucos que resistiram foram destruídos (presos, perseguidos, torturados, assassinados).

Apenas a existência de movimentos sociais fortes, nacionalmente organizados e estruturados poderiam fornecer aos intelectuais oriundos das classes trabalhadoras ou com elas identificados a oportunidade de resistir, produzir e manter uma vida decente, sem depender dos "favores" das elites. Ora, historicamente, tais movimentos foram exterminados antes mesmo de ter tido tempo de construir laços mais amplos e fortes com outros setores sociais.

A ENFF coloca em cheque, esse mecanismo histórico. A construção da escola só foi possibilitada pela prolongada sobrevivência relativa do MST (completou 25 anos 2009, um feito inédito para um movimento popular de dimensão nacional), bem como o método por ele empregado, de diálogo e interlocução com o conjunto da nação oprimida. Esse método permitiu o desenvolvimento de uma relação genuína de colaboração entre a elaboração teórica e a prática transformadora.

É uma oportunidade histórica muito maior do que a oferecida ao próprio Florestan Fernandes, Milton Santos, Paulo Freire e tantos outros grandes intelectuais que, apesar de todos os ataques dos donos do capital, souberam apoiar-se no pouquíssimo que havia de público na universidade brasileira para elaborar suas obras.

Veja como você pode participar da Associação dos Amigos da Escola Florestan Fernandes

Em dezembro, um grupo de intelectuais, professores, militantes e colaboradores resolveu criar a Associação dos Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes, com três objetivos bem definidos:

1 – divulgar as atividades da escola, por todos os meios possíveis, incluindo sites, newsletter e blogs;
2 – iniciar uma campanha nacional pela adesão de novos sócios;
3 – promover uma série intensa de atividades, em São Paulo e outros estados, para angariar fundos, com privilégios especiais concedidos aos membros da associação.

O seu Conselho de Coordenação é formado por José Arbex Junior, Maria Orlanda Pinassi e Carlos Duarte. Participam do Conselho Fiscal: Caio Boucinhas, Delmar Mattes e Carlos de Figueiredo. A sede situa-se na Rua da Abolição n° 167 - Bela Vista - São Paulo – SP – Brasil - CEP 319-030

Para ficar sócio pleno, você deverá pagar a quantia de R$ 20,00 (vinte reais) mensais, ou poderá tornar-se sócio solidário, caso queira contribuir com uma quantia diferente (maior ou menor do que os R$ 20,00 mensais). Esses recursos serão diretamente destinados às atividades da escola ou, eventualmente, empregados na organização de atividades para coleta de fundos (por exemplo: seminários, mostras de arte e fotografia, festivais de música e cinema).

Para obter mais informações sobre como participar e contribuir, procure a secretaria executiva Magali Godoi através dos telefones: 3105-0918; 9572-0185; 6517-4780, ou do correio eletrônico: associacaoamigos@enff.org.br .

[*] Jornalista.

O original encontra-se na revista Caros Amigos

às 11:41
Marcadores: trabalhadores universidade caros amigos florestan fernandes urgente sem terra MST patrimônio educação brasil capitalismo intelectuais elite histórico Milton Santos Paulo Freire

terça-feira, 30 de março de 2010

TV Brasil e TVE de Alagoas firmam parceria

TV Brasil e TVE de Alagoas firmam parceria

EBC / TV Brasil - 29/03/10

Alagoas, através da TV Educativa, do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP), aderiu na última nesta sexta-feira ( 26) à Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP), que tem a TV Brasil como cabeça de rede, compondo com as emissoras educativas e universitárias nos Estados.

A assinatura do contrato aconteceu no Palácio República dos Palmares, com a presença do governador Teotonio Vilela Filho e da diretora-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC/TV Brasil), Tereza Cruvinel.

O contrato de associação prevê a adesão a uma grade simultânea de dez horas e meia de programação, composta por programas originários da TV Brasil e das emissoras que comporão a rede, para ser exibida em todas as
praças. O objetivo da RNCP é o de construir uma televisão pautada na diversidade cultural do país, com espaço para as produções regionais e locais. O contrato de adesão não cria qualquer associação jurídica entre as partes – TVE / TV Brasil -, que continuam mantendo sua autonomia e independência.

Também participaram do evento o diretor de Serviços da EBC, José Roberto Garcez; o gerente-executivo da empresa, Marco Antonio Coelho; o secretário de Estado da Comunicação, Nelson Ferreira; o diretor presidente do IZP, Marcelo Sandes; e diretores e servidores do instituto.

Para Marcelo Sandes, além da veiculação local da programação da TV Brasil e das emissoras associadas, a adesão à rede pública de TVs abrirá oportunidade para a veiculação nacional de programas e conteúdos jornalísticos mostrando a vocação cultural, o potencial econômico e as belezas naturais de Alagoas.

“Enseja também a produção de programas envolvendo a TVE e a TV Brasil”, observa. A associação à TV Brasil também prevê assessoria técnica para qualificação da programação e ampliação de infra-estrutura, ações de aperfeiçoamento gerencial, além de iniciativas de atualização tecnológica.

A jornalistaTereza Cruvinel destacou a importância da valorização da TV pública e agradeceu ao governador pela parceria. “É muito importante essa adesão para o crescimento e a valorização da comunicação pública”, frisou.

O diretor de serviços da EBC, José Roberto Garcez, disse que a principal característica da TV pública é a variedade de conteúdos e a
descentralização, o que a distingue da TV comercial. “Contamos com uma rede estimuladora da regionalização e das várias identidades do Brasil. Nada melhor para uma TV que mostrar isso. Estamos com uma rede pública de televisão que, efetivamente, dá ao cidadão brasileiro a oportunidade de se ver e de enxergar suas variedades culturais”, ressaltou.

Para o secretário Nelson Ferreira, a parceria da TV Brasil é bem-vinda, somando esforços para o fortalecimento da emissora estadual. “Através da TVE temos a missão de mostrar a realidade de Alagoas por meio da nossa cultura, da nossa arte, de tudo aquilo que nós, alagoanos, realmente somos
e fazemos”, afirmou.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Documentário: "Jornalista por formação: uma opção ética"

Documentário: "Jornalista por formação: uma opção ética"

De aproximadamente 20 minutos, o documentário defende a necessidade de uma formação específica em nível superior para o exercício da profissão de jornalista


Caros sindicalistas,

Como requisito para a conquista do título de graduação em Jornalismo, os estudantes Anna Carolina Lima, Hebert Araújo, Larissa Tolentino e Natalie Rohrs apresentam o mini documentário "Jornalista por formação: uma opção ética". A produção é resultado de cinco meses de trabalho, entre pesquisa, gravações e finalização.

De aproximadamente 20 minutos, o documentário defende a necessidade de uma formação específica em nível superior para o exercício da profissão de jornalista, já que no dia 17 de junho de 2009 o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por oito votos contra um, extinguir essa obrigatoriedade contida no Decreto-Lei 972, de 1969.

O vídeo é composto por depoimentos de profissionais do Jornalismo, representantes sindicais, empresários do seguimento da comunicação, estudantes de jornalismo, políticos envolvidos com o tema e da sociedade; imagens de manifestações ocorridas em alguns estados brasileiros, e dados da história do Jornalismo, incluindo em que momento e por que foi inserida a necessidade do diploma, e tentando esclarecer qual o possível jogo de interesse estaria por trás da decisão do STF.

Para conferir o vídeo acesse:
http://www.youtube.com/user/hebertcandido?feature=mhw4
ou faça uma busca no You Tube: "Jornalista por formação: uma opção ética".

Atenciosamente,

Hebert Araújo - Jornalista diplomado
Cel: +55 (71) 8229-1772
E-mail: hebert.san@hotmail.com

Fonte: Site do sindicato dos Jornalistas do DF

segunda-feira, 22 de março de 2010

ONU: água poluída mata mais que violência no mundo

ONU: água poluída mata mais que violência no mundo

22/03 - 10:18 - Reuters



ABIDJAN (Reuters) - A população mundial está poluindo os rios e oceanos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sólidos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doenças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU nesta segunda-feira. "A quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês).

Em um relatório intitulado "Água Doente", lançado para o Dia Mundial da Água nesta segunda-feira, o Unep afirmou que dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes.

O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição industrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais.

Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90 por cento da água de esgoto sem tratamento.

A diarréia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada."

O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos multimilionários para o tratamento de esgoto.

Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que agem como processadores naturais do esgoto, e o uso de dejetos animais como fertilizantes.

"Se o mundo pretende... sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está literalmente matando pessoas."

(Reportagem de Tim Cocke)

domingo, 21 de março de 2010

Mídia dos EUA manipula e desinforma sobre realidade da América Latina, afirma Sean Penn

Mídia dos EUA manipula e desinforma sobre realidade da América Latina, afirma Sean Penn

Durante entrevista com Bill Maher, no programa “Real Time” da HBO, o ator e diretor de cinema Sean Penn afirmou que, lamentavelmente, o povo norte-americano não conhece a realidade de América Latina e da Venezuela, em particular.
“Nós, nos Estados Unidos, temos dificuldades para entrar na pele do que tem sido a história da Venezuela, a história da América Latina e de muitos outros lugares. Somos muito monoculturais. Estamos hipnotizados pelos meios de comunicação que só divulgam o que interessa aos grandes interesses econômicos”, afirmou Penn, no dia 10 de março.

“Por exemplo, Hugo Chávez. Quem sabe aqui que ele passou por 14 das eleições mais transparentes do mundo e foi eleito democraticamente em todas elas?”, acrescentou o também produtor de cinema.

Sean Penn assinalou que “dia após dia, este líder eleito pelo seu povo é chamado de ditador aqui, nos principais meios de comunicação. Suas medidas, sua política de inclusão de amplas camadas da população, as melhorias na qualidade de vida dos venezuelanos, a aprovação popular de seu governo não são divulgadas pelos grandes meios de comunicação comerciais”. “Deveria existir um limite para as mentiras dessa mídia”, acrescentou.

Em outubro de 2009, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, se encontrou com o ator e com o produtor cinematográfico de Hollywood, Art Linson, quando conversaram sobre a realidade do país.

Depois de sua primeira visita à Venezuela, em 2007, Penn foi entrevistado no programa The Late Show por David Letterman, onde refutou os argumentos do jornalista sobre o suposto fechamento irregular da RCTV. “Essa rede de televisão incitava constantemente até ao assassinato do presidente, só promovia a desordem na base de mentiras. Se neste país [nos EUA] os dirigentes de qualquer meio de comunicação fizessem a metade do que a RCTV fez, estariam presos”, constatou.

Fonte: Jornal A Hora do Povo

segunda-feira, 8 de março de 2010

À mulher de cada dia !

As flores irradiam a glória e a beleza, pois ela caminha sobre a Terra em cada mulher.

Mulher! Todos os grandes e pequenos senhores te reverenciam no dia de hoje, pois eles nasceram do teu ventre. Mulher! Além de todos os poderes cósmicos, levas dentro de ti a semente sagrada que provê a vida. Tu és o mais belo pensamento de Deus. Teu coração é manancial de sabedoria. De teu íntimo brota a força amorosa que nutre, regenera e ressuscita.

Homem! Neste dia internacional da mulher, lembra-te que podes divinizar-te pela admiração da mulher.

Estás aflito? Recorre à mulher. Ela é o consolo dos aflitos.
Estás enfermo? O toque da mulher é curativo.
Queres descobrir os mistérios da Divindade? Busca compreender o coração da mulher.
Porque quem não reverencia a mulher, fecha as portas à graça e à beleza.

Mulher! Ao olhar-te no espelho, reconhece ali a Mãe Divina! Mira-te nela! Encarna com dignidade os dons femininos de amor, fidelidade, pureza, sensibilidade, compreensão, delicadeza, generosidade, doçura, abnegação, serenidade e o dom de tudo embelezar.

Mulher! Não te deixes corromper pela futilidade e mediocridade do mundo. Aumenta ainda mais tua força, apreendendo as virtudes dos homens, mas nunca os vícios. A regeneração do mundo depende de ti, pois tens o poder de moldar o caráter de um ser, desde o teu ventre e por toda a sua vida.

Podes transformar teu lar num templo da Divina Missão de Amor. Quando defendes tua dignidade, defendes a dignidade de cada ser humano.

Mulher! Rejeita qualquer pensamento ou sentimento de rivalidade, pois isto destrói a unidade das mulheres. Caminha graciosamente, olhando sempre com admiração o teu eterno companheiro, o homem.

Mulher! Neste Dia Internacional da Mulher, dedicado a ti, todos te proclamam como uma delicada e ao mesmo tempo forte criação divina, e admiram a dádiva que é ser mulher!

domingo, 7 de março de 2010

O meio-ambiente responde em 2010 com catástrofes naturais

ESTUDOS CIENTÍFICOS

Jornal do Commercio

Nordeste não está livre de tsunami
Publicado em 07.03.2010


O ano começou marcado por catástrofes naturais nos quatro cantos do planeta. Agora, como se não bastasse, cientistas fazem prognóstico de ondas gigantes na costa do País

Enchentes em Angra dos Reis, São Paulo e Ilha da Madeira, terremotos no Haiti, Taiwan e Chile. Não bastasse tanta calamidade no início de 2010, agora pesquisadores anunciam um tsunami no Oceano Atlântico. O alvo brasileiro: Fernando de Noronha e a costa do Nordeste acima da Paraíba.

A formação da onda gigante depende da erupção do Cumbre Vieja, prevista pelo cientista americano Steven Ward, da Universidade da Califórnia. O vulcão, localizado na Ilha La Palma, no arquipélago das Ilhas Canárias, perto da costa africana, entrou em atividade pela última vez em meados do século 18. “E seu ciclo é de 250 anos”, avisa o especialista em riscos geológicos da Universidade Federal da Paraíba Paulo Roberto de Oliveira Rosa. Ou seja, o gigante adormecido está perto de acordar de novo.

Não seria só a larva, mas também as paredes do vulcão, a causa do cataclismo. É que na última erupção cientistas registraram o aparecimento de uma grande fissura na parte oeste da cratera vulcânica, que fica posicionada virada para o Atlântico.

“Caso ocorra uma erupção de maiores proporções, acredita-se que um volume considerável de rochas e material da cratera deslize em direção ao oceano. Nesse caso, haveria um deslocamento da água do mar, vertical e para cima, de igual volume ao do material do deslizamento”, explica o coordenador do curso de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), João Adauto de Souza Neto.

Segundo o pesquisador, numa escala de milhares de anos há a probabilidade de ocorrer novos deslizamentos em direção ao Oceano Atlântico, provocando a formação de ondas.

O pesquisador recomenda às defesas civis se prepararem para o possível tsunami. “Temos que ter um serviço de informações eficiente para a população. O tempo de antecedência com que se conhece um fenômeno é o principal fator. O serviço de informações poderia ser ao estilo do meteorológico. Isso é o que ocorre em outros países do mundo”, justifica.

Para João Adauto, a defesa civil deve informar à população, o mais rapidamente possível, a possibilidade de erupção iminente nas Ilhas Canárias. “Para isso, precisa passar a acompanhar a atividade desse vulcão, a partir do contato com os pesquisadores que o monitoram.”

Quanto mais rápido for conhecida a iminência de uma erupção, diz o geólogo, melhor. Rápido, nesse caso, são dias ou horas. “A população do Nordeste que habita as áreas costeiras de relevo mais baixo deveria se deslocar para áreas mais elevadas das cidades litorâneas ou do interior. O recomendado é que fiquem em altitudes superiores às alturas das ondas do mar.”

Antes de alcançar Fernando de Noronha, a onda gigante atingiria os Estados do Ceará, Piauí, Maranhão e litoral norte do Rio Grande do Norte. “Paraíba está mais susceptível que Pernambuco”, acredita Paulo Rosa. A onda viajará, prevê João Adauto, numa circunferência crescente e em todas as direções, seguindo para a costa leste dos Estados Unidos e Canadá, Caribe, México e América do Sul.

SEM ALARDE

À frente da Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe), o tenente-coronel Ivan Ramos garante que nunca ouviu falar sobre o Cumbre Vieja, tampouco sobre um tsunami. “É preciso ter cautela para não alardear a população”, adverte. Revistas de circulação nacional, no entanto, publicaram a notícia, assim como redes de TV a cabo exibiram recentemente documentários.

Na Flórida, informa Paulo Rosa, já há plano de evacuação para esse tsunami e os prédios estão sendo segurados. Enquanto o Estado americano se encontra a 4.500 quilômetros do epicentro da possível catástrofe, o Nordeste está a 4.200 quilômetros, isto é, mais perto ainda.

sábado, 6 de março de 2010

PASSEIO SOCRÁTICO

PASSEIO SOCRÁTICO

Frei Betto

> Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
>
> Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares,
preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?

> Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'.
Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'.
'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
>
> Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
>
> Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
>
> Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi-nho de prédio ou de quadra!
>
> Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
>
> A palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
>
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
> Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
>
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo.
>
> E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas... Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald's...
>
> Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"

terça-feira, 2 de março de 2010

PODER DO JORNALISMO

PODER DO JORNALISMO
Quando a reportagem faz história

Por El País em 2/3/2010

Reproduzido do El País, 20/2/2010; textos em espanhol

Textos publicados no suplemento semanal "Babélia" do El País; intertítulos do OI

***

Una pátina de verdad

Amelia Castilla

El rigor del periodismo unido a la voluntad literaria sigue enganchando a un público que busca escritores con cierto estilo. Artículos desarrollados en forma de libros, revistas y cómics de denuncia surgen como respuesta al vértigo de la comunicación digital.

De apariencia débil, delgado y con gafas. Cuando los soldados rusos vieron a Vasili Grossman (Berditchev, 1905-Moscú, 1964), uno de los escritores reclutados por Stalin a la fuerza para cubrir el desarrollo de la campaña soviética contra los nazis, rieron con condescendencia. Tres años después, cuando los "ivanes" entraron en un Berlín en ruinas, Grossman seguía sus pasos en primera línea tomando notas. Sus crónicas, reunidas ahora en Años de guerra (1941-1945), muestran la honestidad y el talento de un escritor con una voluntad narrativa innegable y muy por encima de las presiones políticas. "Años de guerra debe ser contextualizado. Sus crónicas se publicaban en la Estrella Roja y formaban parte de la propaganda del régimen sobre la contienda", aclara Joan Riambau, subdirector editorial de Galaxia Gutenberg. "Pero a través de esos textos se descubre la humanidad de un escritor que transmitía fielmente lo que iba encontrando en su camino". Gran parte del material que no pudo utilizar para sus crónicas ante el temor a ser depurado lo usó posteriormente en la escalofriante Vida y destino -de la que se han vendido 300.000 ejemplares-, pero sus reportajes, prolijos en descripciones sobre el paisaje, el dolor de los civiles y la locura de los hombres, son memorables, como el que describe su llegada al campo de exterminio de Treblinka, cuyo funcionamiento reconstruye minuciosamente.

Años de guerra lleva vendidas 15.000 copias y su éxito se enmarca dentro de una tendencia que nunca ha dejado de estar presente entre los lectores de textos de no ficción y que se mueve entre el rigor del periodismo y la voluntad de un estilo literario. Nuevos títulos, en los que se recuperan reportajes históricos o sucesos del presente, como la anorexia o la polémica sobre el cadáver de Lorca, han desembarcado en las librerías en estos días. El editor de Galaxia reconoce que la narrativa de base histórica y la crónica transformada en libro aportan una sensación de verdad muy valorada por el lector. "El periodismo certifica la verosimilitud o el rigor de la obra", añade Riambau. "Vivimos tiempos de saturación de información, pero persiste la voluntad para detenerse y conocer más sobre algunas de las cosas que ocurren".

Fuera de los despachos donde se decide cuál será el próximo título y sin más planteamiento filosófico que la buena marcha del negocio, Marjorie, propietaria de la librería Blanco, en el barrio de Salamanca de Madrid, piensa que todo lo que se conoce globalmente como no ficción cuenta con lectores fijos: "No estamos hablando de best seller, claro, el ensayo es difícil que provoque ventas espectaculares, pero sí cuenta con un público fijo y variado que normalmente suele pasar de los cuarenta años. Se trata de gente que sigue mirando el papel y que lee libros con cierta profundidad", aclara la librera, que no suele ver que mucha gente joven traspase la puerta de su local.

Mundo grandioso

La narrativa de base histórica alcanzó en España su punto álgido con Ryszard Kapuscinski (Pinsk, 1937-Polonia, 2007), seguramente el periodista más respetado y con mejores críticas del momento. No siempre fue así. Títulos como El Emperador o El Sha se vendían con cuentagotas en la editorial Anagrama y se mantenían en la colección porque al editor Jorge Herralde le hacía mucha gracia cómo escribía el periodista polaco, hasta que sucedió lo que en literatura se conoce como el punto de no retorno: Ébano, donde resume su experiencia como corresponsal en África, fue una explosión. El libro pasó de los ¡100.000 ejemplares! y arrastró, de paso, al resto de sus obras. A Kapuscinski nunca le gustaron las rutas oficiales, huía de los palacios y de la gran política. Prefería describir la vida cotidiana. Necesitaba mucho tiempo para concentrarse y construía sus relatos como un collage, una especie de diario íntimo, cargado de fuentes y de datos históricos. Comparaba el reportaje con lo que el cubismo supuso para la pintura: "Cuando trataban de descubrir una cara la mostraban en todas sus reflexiones", dijo en una entrevista, el mismo año en que se publicó Ébano.

A sus lectores no cabe encajarlos en un sector muy definido: "Gente mayor acostumbrada al ensayo y chicos jóvenes atentos a las novedades", según Ana Llornet de Anagrama. Lo cierto es que hoy día su obra sigue viva. El Emperador camina por la undécima edición y este mes ha llegado a las librerías Cristo con un fusil al hombro, una colección de relatos inéditos en España, editados en los setenta, en los cuales describe la relación entre árabes y judíos en los tiempos donde los fedayin, vestidos de verde botella, vigilaban una carretera de Beirutl; la dura existencia de los campesinos en Guatemala y el resurgir de la guerrilla tras la muerte del Che Guevara.

Pero no todo son guerras, aunque de ellas hayan surgido algunas de las mejores crónicas. La periodista de The New Yorker Judith Turman reúne en La nariz de Cleopatra (Duomo) un puñado de ensayos sobre el cuerpo humano, la alta costura y la literatura, que se leen como una crítica de la actualidad cultural. Nada que ver con los polémicos artículos de Julio Camba sobre la República, cargados de humor e ironía. Y el dibujante Joe Saco destapa, viñeta a viñeta, en Notas al pie de Gaza, la matanza de más de cien palestinos en la destartalada ciudad de Rafah en 1956.

La frase "no news good news" no vale para este oficio, escorado hacia el drama y la tragedia. Pero ¿qué se puede esperar de un trabajo basado en la curiosidad? El escritor César González Ruano lo describía así en su diario: "No hay profesión como ésta, en la que sea preciso ganar lo que ya se tiene cada mañana, profesión en la que viva uno en una costumbre resignada de colapso económico y en la permanente amenaza del olvido".

El periodista Miguel Ángel Bastenier sostiene en Cómo se escribe un periódico que para ser no ya un buen periodista, sino simplemente dedicarse a esto, hay que tener un punto de inconsciencia. "Una persona sosegada, ponderada, equilibrada, respetuosa de los derechos del prójimo, no es que no pueda ser un buen periodista, es que se dedica a otra cosa. No ha habido ninguna elección democrática para decidir quién pueda ser periodista, quién tiene derecho a manejar reputaciones, haciendas, éxitos, fracasos". En su opinión, el periodismo no es sino una pequeña parte de ese mundo grandioso de la literatura aunque, puesto a decidir sobre las características que deben acompañar a un buen reportero, resume: "Perspicaz, suspicaz, pertinaz y algo mordaz".

Valor impagável

Cada profesional define su propio estilo sobre algo que se reduce a una persona que habla de manera neutral y que, en realidad, utiliza todo su talento para dar un enfoque subjetivo y poner la atención en detalles significativos del hecho que investiga, recreando una atmósfera, un contexto, un tiempo y un lugar. En esto del periodismo hay escritores para todos los gustos; los estadounidenses se muestran partidarios de "reseñar hechos y más hechos", pero otros eligen dejar su impronta, marcando claramente el bando en que se encuentran. Objetivos o subjetivos se han formado devorando lecturas periodísticas o literarias, seguramente el único camino para contar una historia con el ritmo de una buena novela. "La crónica es un género que necesita tiempo para producirse, tiempo para escribirse y mucho espacio para publicarse: ninguna crónica que lleva meses de trabajo puede publicarse en media página", aporta Leila Guerriero en Frutos extraños. Naturalmente, la periodista argentina se refiere a textos sólidos que encierran una visión del mundo y se reconocen como una forma del arte de contar, relatos que terminan exactamente donde empieza la ficción. "La única cosa que una crónica no puede hacer es poner allí lo que allí no está".

Tiempo y espacio son también valores apoyados por el escritor Jonathan Littell, que acaba de publicar Chechenia año III, un formidable reportaje de 120 páginas sobre la situación de la república caucásica. El autor de Las Benévolas cuenta casi al inicio del libro que, si hubiera editado la primera versión del texto, tras un viaje de dos semanas por Chechenia, habría dado una imagen de normalización del país que no se correspondía del todo con la realidad. Sabía que la corrupción era insostenible, que muchos guerrilleros regresaban del bosque y rehacían su vida con un vehículo todoterreno de regalo, que no es sencillo vivir contra un régimen autoritario, que a las mujeres les obligan a cubrirse la cabeza y que los secuestros seguidos de desapariciones se habían reducido notablemente.

Pero el lado oscuro emergió de pronto. El correo electrónico empezó a vomitar noticias preocupantes. Natalia Estemiova, activista de Memorial (el grupo que se ocupa de los casos de desaparición, tortura y ejecución al margen de la justicia), en Grozni había sido secuestrada en la calle. A Estemiova, amiga de Anna Politkóvskaya, a la que guió por los arcanos chechenos, le dio tiempo a gritar que la estaban secuestrando antes de que la metieran en un coche. Su cadáver se encontró en el bosque: le habían dado un culatazo en la cara y disparado a la cabeza, como a muchas de las víctimas que ella había ayudado a que se conocieran.

Littell, domiciliado en Barcelona, ha optado por no promocionar su nuevo título, pero contesta vía e-mail a preguntas relacionadas con su pasión por la crónica. "Soy un gran admirador de la manera en que cuenta la realidad la prensa norteamericana (por ejemplo, The New Yorker o The New York Review of Books) y su capacidad e interés por dotar a los reporteros del tiempo, el dinero y el espacio necesario para contar largas y profundas historias; eso tiene un valor impagable. Algo que todavía se echa en falta en Europa". Littell se confiesa lector de la revista francesa XXI -se vende en librerías y en Internet-, que es un intento de crear un formato parecido al de las grandes revistas estadounidenses y que ha tenido buena acogida pero "todavía nos queda un poco lejos". Littell ni siquiera está seguro de que haya espacio para libros como el suyo, pero recalca que "sería maravilloso que fuera así".

Relatos clássicos

La situación del mercado actual es compleja. No resulta fácil hacerse oír ante la avalancha de información. Los periódicos de papel reducen el espacio de los textos y los post de los blogs digitales no se extienden más allá del folio. Frente al periodismo en tiempo real que es la generalización de Internet, la crónica periodística se abre paso. Las webs no son del todo rentables pero ganan público, mientras que el papel, que todavía cuenta con publicidad de pago, pierde lectores. Al menos todos parecen de acuerdo en que el reportero como testigo sigue vigente en la era de Internet y si dispone de la capacidad de utilizar los recursos literarios, mejor, especialmente si es capaz de evocar una atmósfera.

¿Pero dónde se encuentra el futuro del cronista? Jean-François Fogel, fundador de Lemonde.fr y miembro de la Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, cree que las horas del papel están contadas pero que la realidad es tan fenomenal que siempre necesitará de periodistas que la cuenten. "Internet se centra en un periodismo de flujo e instantáneo, pero en este trabajo tienen que caber todas las formas, quizás los blogs como cuadernos de notas tendrían que decirnos algo en el futuro". Fogel, que en la actualidad arma una docena de sitios para el grupo francés Sud Ouest, añade que en el mundo que se avecina la velocidad de entrega pesa como una de las grandes motivaciones aunque el libro clásico también cuenta con gran futuro como género periodístico, un texto en el cual contar de manera pormenorizada y con calidad literaria una historia o un problema. "No olvidemos que en otros momentos de la historia también contó con mucho auge. La tormenta perfecta o la biografía de Chaves Nogales sobre Juan Belmonte encajan en esta definición".

Conseguir espacio para un periodista siempre supone un gran logro. Fogel también señala como una grata sorpresa editorial la buena marcha de la revista francesa XXI. Tiene carácter trimestral, vende cerca de 50.000 ejemplares, y cuenta con un pariente del autor de El Principito, Patrick de Saint-Exupéry, como redactor jefe. Mucha ilustración, cómic para contar historias del presente, fotografía y reportajes sobre los juegos de poder o la rutina en la vida de un cartero destacan en el número 9 de la publicación.

Al otro lado del Atlántico, El Malpensante,Gatopardo y Etiequeta Negra han acabado por convertirse en un referente del poder de la crónica. "Ignoro", concluye Fogel, "si Jon Lee Anderson o Kapuscinski son periodistas o escritores, pero sus relatos pueden convivir en las estanterías al lado de los clásicos".

***

Tres clásicos modernos cabalgan juntos: Wallraff, Fallaci y Talese

Carles Geli

Tiempos convulsos, de incertidumbre de toda condición; realidades líquidas, lucha hegemónica entre virtual y real. Pues ante toda esa gran duda, periodismo. Y ante lo que es oficio o show, lo genuino, lo más mordaz ante la verdad. Sólo una corriente de pensamiento así explica que en la última Feria de Francfort coincidiera el regreso a la palestra editorial de tres grandes entre los grandes del periodismo: Günter Wallraff, Oriana Fallaci y Gay Talese.

"¿Nuevo? ¿Seguro que es nuevo?". El escepticismo del editor Jorge Herralde en su stand de Anagrama no era baladí. Y es que han pasado casi veinte años desde que el azote periodístico de Alemania no sacaba libro con nuevos reportajes. De esos tan suyos, que llevaban al Servicio Secreto Federal, a la Policía Política y al mismísimo Ministerio de Justicia alemán a actuar contra él, intervenirle los teléfonos y quién sabe si a estar detrás de algunos de los percances que ha sufrido, como el notable incendio de su despacho en 1976.

A pesar de sus casi 68 años, Wallraff está en perfecta forma, como demuestra en Desde el bello Nuevo Mundo, irónico título con el que husmea por las ingles de la globalización a partir de su famosa técnica de la infiltración, la que le diera nombre y fama, y que se tradujo en clásicos del oficio como El periodista indeseable y Cabeza de turco. En los ocho reportajes que conforman el libro (que Anagrama publicará en España en un año), con amigos que le hacen de figurantes, cámaras ocultas, identidades falsas o simplemente disfrazado, Wallraff vuelve a desnudar el perfecto mundo occidental. Así se convierte, por ejemplo, en un africano casado y con un hijo, que lo pasan muy mal en un tren cuando topan con los ultras del Dinamo de Dresde (Blanco sobre negro). O se queda vilipendiado y helado de frío haciendo de indigente (Bajo cero) o demostrando las insanas prácticas de una empresa de teleoperadores, un call center; o denunciando las condiciones laborales de la cadena de cafés Starbucks, o desenmascarando a un bufete de abogados alemán que aterroriza legalmente al comité de empresa del cliente que lo solicita. Un libro duro para un personaje duro que el año próximo tendrá en su país su primera y documentada gran biografía, El hombre que es Günter Wallraff, de Jürgen Gottschlich.

Dura y también objeto de estudio universitario es Oriana Fallaci (1929-2006). "Uno de los errores más graves que cometí en mi carrera fue concederle una entrevista", dijo en su momento el halcón Henry Kissinger; lo lamentó más cuando salió publicada entre las que formaron Entrevistas con la historia, libro-faro de la tenaz e incisiva estrella de la revista L´Europeo. Iniciada una nueva edición en Italia de su obra periodística completa, aparecen ahora entrevistas que realizó entre 1970 y principios de los ochenta y con las que acariciaba la idea de hacer un segundo volumen. Con cerca de quinientas páginas y la posibilidad abierta de su edición en España (La Esfera de los Libros lo ha desestimado recientemente), Robert Kennedy, el Dalai Lama, Den Xiaoping, Ariel Sharon y Lech Walesa son algunas víctimas de quien dio nombre a la entrevista sin concesiones: el Fallaci style.

"Soy de ascendencia italiana. Soy hijo de un sastre severo pero caballeroso de Calabria y de una madre italoamericana amable que dirigía con éxito un negocio familiar de moda". Bajo ese mostrador, y tras escuchar a su progenitora hablar con las clientas, el norteamericano Gay Talese (1932) aprendió dos cosas: a vestir bien y con estilo, y a hacer mejores preguntas, que le han servido para elaborar algunos de los reportajes más memorables del último medio siglo periodístico, como Frank Sinatra está resfriado, Buscando a Hemingway o el mítico libro-reportaje Honrarás a tu padre, que inspiró a Mario Puzzo la novela El padrino. Bajo los títulos Retratos y encuentros (selección de sus mejores piezas) y Vida de un escritor (delicioso repaso a sus vivencias), Aguilar ha hecho posible en Suramérica hallar en castellano a uno de los padres del nuevo periodismo, en unas obras que podrían llegar a la Península junto con la hoy inencontrable Honrarás a tu padre. Y así tres clásicos modernos podrían cabalgar juntos.

***

El escriba que habita en una página blanca

Ricardo Martínez de Rituerto

"Me encanta escuchar a los personajes", dice Eric-Emmanuel Schmitt, que publica El Libro más bello del mundo y otras historias

Ser el escritor francés vivo más vendido en el mundo y residir en la plácida Bruselas apartado de la vorágine parisina es inaudito. Eric-Emmanuel Schmitt (Lyon, 1960. eric-emmanuel-schmitt.com) lo explica sin más: "Me he separado voluntariamente del mundo literario, teatral y cinematográfico. Si hubiera estado en París escribiría menos o escribiría cosas parisinas, lo que sería peor". ¿Cosas parisinas? "Atendería más a lo intelectual y menos a lo sensible, a lo carnal o a lo poético". Y no es que Eric-Emmanuel Schmitt haga de menos a lo intelectual. Doctorado con una tesis sobre Diderot, personaje llevado por él al teatro en El libertino, fue catedrático de Filosofía hasta que de treintañero le estalló el universo de la creación y dio con la tecla expresiva: "Escribir ficción que sea filosófica". Su escritura ronda la novela de ideas, a la que da una larga cambiada con un lenguaje sencillo y personajes asequibles, tan horro de descripciones como lleno de alusiones. Schmitt es socrático: "Obligo al lector a escribir conmigo". Él escribe como una fuerza desatada de la naturaleza y llega ahora a España con El libro más bello del mundo y otras historias (Destino. Traducción de Zahara García González. Barcelona, 2010. 232 páginas. 19 euros).

Su despacho está hecho una leonera. Sobre la mesa, entre libros y papeles en perfecto desorden, toda la discografía de Beethoven porque está ultimando una Kiki van Beethoven que subirá al escenario en París en otoño. En las paredes, un par de mirós litográficos. Y varias esculturas, entre ellas la concebida por Günter Grass para dar solidez (seis kilos) al Premio del Público que recibió en Alemania. Un equipo de música acompaña al melómano y pianista autor de Ma vie avec Mozart. Si Flaubert probaba sus textos leyéndolos en voz alta, Eric-Emmanuel Schmitt dice que su despacho -con un ancho ventanal abierto al horizonte y al cielo, y un generoso tragaluz- es su oreja. "Me encanta escuchar a los personajes. Sólo escribo cuando me hablan. Tengo el cielo enfrente y encima, y como en Bruselas el cielo es casi siempre blanco tengo la impresión de habitar en una página". Su técnica es básica: dejarse llevar. "Empiezo a escribir a eso de las dos de la tarde. Y enseguida me entra el sueño", lo que justifica la presencia del anchísimo diván frente al escritorio. "Me acuesto un rato y luego escribo toda la tarde. El sueño es como el pasillo por el que llegan los personajes. Cuando estoy agotado, echo otra cabezadita y los personajes se van". Así sin parar, de forma natural. "La verdad es que yo no soy un escritor. Soy un escriba. Los personajes me dicen lo que tengo que escribir".

***

ENTREVISTA / JON LEE ANDERSON

"Un reportero tiene que ser inseguro"

Guillermo Altares

El dictador, los demonios y otras crónicas. Jon Lee Anderson. Traducción de Antonio-Prometeo Moya. Anagrama. Barcelona, 2010. 384 páginas. 21,50 euros. www.newyorker.com/magazine/ bios/jon_lee_anderson/

Además de ser uno de los mejores reporteros que recorren los azarosos caminos del mundo, como demuestra la recopilación de textos que publica Anagrama, El dictador, los demonios y otras crónicas, Jon Lee Anderson (California, 1957) tiene una profunda vocación de maestro. No sólo por su relación con la Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano, en la que da muchos talleres, sino por su voluntad de transmitir su oficio. Este encuentro tuvo lugar en Cartagena de Indias, recién llegado de Haití, durante el Hay Festival, al que acudió para hablar de América Latina, un continente que ha recorrido una y otra vez. Su español, colorista y divertido, es una mezcla de acentos, palabras y expresiones de los 20 países de habla hispana, desde Cuba a España, que demuestra un conocimiento profundo del terreno.

***

¿Se siente un dinosaurio, el último de una estirpe de reporteros que lo mismo cubren un terremoto en Haití que hacen un perfil del Rey de España?

Jon Lee Anderson – Espero no sentirme un dinosaurio, no me defino. Hago lo que hago y trato de seguir los instintos de lo que me apetece y me parece importante. Estoy al tanto de todas las conversaciones en voz alta sobre el porvenir y el destino del periodismo, si somos una especie en vías de extinción. Me doy cuenta de que soy uno de los reporteros que ha tenido una carrera en primera persona, no virtual, sino primaria. Aunque deje de ser periodista, seguiré llevando esa vida. No quiero otra forma de ver el mundo. Y no es un juicio de valor. Los jóvenes de hoy tienen algunas ventajas, algunos bagajes que nosotros no tuvimos. Su mayor reto va a ser superar el flujo de la información para adquirir contacto directo con la realidad, un contacto que yo necesité para aprender. Quería definirme a través de la experiencia propia. Tampoco se ha planteado el destino de los dinosaurios, los que se van a convertir en fósiles o los que se van a transformar en pájaros o cocodrilos para sobrevivir. Pueden ser brillantes y tener carreras pero enteramente virtuales, sin una experiencia primaria.

Siempre ha gozado para investigar y escribir reportajes es tiempo, porque es la materia de la que está hecho el periodismo. Tener tiempo para localizar y llegar al rey de las favelas, para seguir a García Márquez. ¿No cree que se está convirtiendo en un bien peligrosamente escaso?

J.L.A. – El hecho de que vivamos en un mundo informativo de 24 horas comenzó con la televisión, pero Internet ha marcado un cálculo de tiempo nuevo a los demás géneros. Las revistas informativas están empezando a perder su identidad. Llegué a Santo Domingo y vi televisión por primera vez en dos semanas. Fue interesante ver cómo todo el mundo estaba hablando de Haití, un país olvidado dos siglos. Ojalá vaya más allá de la inmediatez, del horror y del sentimentalismo fácil que busca siempre la televisión. Yo tengo la suerte de trabajar para The New Yorker, que sigue apostando por el reportaje de largo aliento. Internet va hacia las agencias de noticias, no nos suplanta a nosotros los cronistas, es un télex virtual.

¿Cree que podemos ir hacia una nueva edad de oro de la crónica, que paradójicamente ese periodismo lento del pasado sea también el del futuro?

J.L.A. – Las transiciones siempre son difíciles, pero creo que de esto podría salir un nuevo gusto hacia la crónica. Casi cada país de América Latina tiene nuevas revistas y una gran hambruna de jóvenes creadores que quieren comunicarse a través de la prosa, de la creación, pero siempre dentro de la no ficción.

Muchos medios tradicionales han hecho coberturas increíbles del terremoto en Haití porque han mezclado todos los géneros. Ha dado la sensación de que es un periodismo que se inventa sobre la marcha. ¿No cree que estos cambios representan también una oportunidad para el futuro de este oficio?

J.L.A. – En Haití hice dos blogs y entrevistas para la web. No sé si llegué a adquirir el gusto, pero no conseguí quitarme la impresión de que me estaba serruchando el suelo de la narrativa. Pero lo que sí he visto que me ofrece Internet es volver a visitar y comentar historias de hace años o meses, que me interesan. Desde luego es un perfeccionamiento del periodismo informativo, pero seguimos definiendo un poco el viento.

No deja de ser curioso comprobar cómo la crónica, un género inmediato, muchas veces condenado a ser arrastrado por el viento de la actualidad, acaba muchas veces por permanecer.

J.L.A. – Claro que permanece. Es historia, los primeros periodistas eran frailesque acompañaban a las expediciones, son las crónicas, los diarios. ¿Qué sabemos de la conquista de las Américas? Nos fascinan por su instantaneidad, nos llevan a un momento que ya no existe, como las cartas de Roger Casement desde el Congo.

En su perfil del premio Nobel Gabriel García Márquez recogido en El dictador, los demonios y otras crónicas, pasa por un barrio enorme de chabolas en Colombia y su conductor le dice: "El problema está ahí, toda la violencia está ahí". Y vuelve a ese mismo tema en Brasil y ahora en Haití. ¿Toda la violencia viene de la pobreza?

J.L.A. – La mayoría. Viene de la riqueza también, de la arrogancia del rico que desdeña al pobre y no quiere compartir. América Latina está construida por grandes zonas, con grandes muros, muy bonitas, pero fuera hay chabolas y basura. En América Latina hay una estética de la injusticia que tiene que ver con los muros y con lo que tú ves. ¿Por qué hay secuestros en América Latina y no en Suiza o Suecia? Las sociedades injustas son las que padecen de violencia. En los sesenta, los que eran insurgentes antifascistas se han convertido en violencia criminal endémica y eso se va tragando a América Latina, desde Ciudad Juárez para abajo.

¿Cree que a todos los periodistas nos fascina el poder?

J.L.A. – El poder es el motor de la historia. El poder es fascinante. El poder es como la alquimia máxima, no existe pero existe, y cambia el mundo y lo mueve.

Manu Leguineche, maestro de muchos reporteros españoles, siempre dice que "vales lo que vale tu último reportaje". ¿Está de acuerdo?

J.L.A. – En cierto punto sí. Yo creo que un reportero tiene que ser siempre inseguro, no convertirse en alguien que sigue una pauta, porque eso es el comienzo de la decadencia, deja de perseguir el mundo con ojos frescos, cree que lo sabe todo. Es un síndrome bastante común y humano.

***

El amigo de la infantería

Jacinto Antón

Brave men. La campaña de Italia 1943-1944. Ernie Pyle. Traducción de Librada Piñero. Tempus. Barcelona, 2009. 328 páginas. 24 euros.

En las filas del Ejército de EE UU le llamaban cariñosamente "the GI´s friend", el amigo de los soldados de a pie (GI son las siglas de Government Issue y se usaron durante la II Guerra Mundial para denominar irónica y coloquialmente al sufrido combatiente de primera línea, "los chicos sin los que las guerras no pueden ser ganadas"). Ernie Pyle (1900-1945) fue uno de los mejores y más populares corresponsales durante la contienda, y seguir sus despachos, desde el paso de Kasserine hasta Ie Shima -donde lo mató una ametralladora japonesa-, supone recorrer los lugares más calientes de la guerra, incluidos Anzio y Monte Cassino, que no fueron precisamente balnearios.

Enjuto, tristón y enfermizo, con aspecto de gnomo tocado con su sempiterno gorro militar, poco ducho en estrategia -prefería Conrad a Liddell Hart- pero capaz de describir como nadie la vida, miserias y esperanzas del soldado en el frente ("los chicos del lodo, la lluvia, la escarcha y el viento"), Ernest Taylor Pyle, de Dana, Indiana, era lo contrario al corresponsal machote y cínico que se agencia una metralleta Thompson y utiliza mucho el jeep y la palabra fiambre.

Baqueteado como reportero itinerante durante la Depresión, con su estilo directo y sencillo, lejos de la grandilocuencia y la épica, de penetrante simplicidad, emocionó con sus historias llenas de humanidad a toda una nación y a sus hombres en guerra, que lo adoraban. El general Omar Bradley llegó a decir: "Nuestros soldados parecen luchar mejor cuando Ernie está cerca".

El cénit de su trabajo y una de las mejores crónicas de guerra jamás escritas fue la famosa La muerte del capitán Waskow, de una delicadeza y una contención magistrales. Enviada desde la línea del frente en Italia el 10 de enero de 1944, muestra en apenas un par de folios el cariño y sobrio homenaje de sus correosos soldados a un oficial de Tejas caído. Cuando uno de ellos toma la mano del cadáver y le dice "De veras que lo siento, señor", es difícil que no se te llenen los ojos de lágrimas. Pyle ha tenido el raro privilegio para un corresponsal de ser convertido en personaje del cine de Hollywood (The story of GI Joe, donde lo encarnaba Burgess Meredith) y de cómic (es la inspiración del Ernie Pike creado por Héctor Germán Oesterheld y dibujado por Hugo Pratt). Tempus ha publicado Brave men (2009), una primera entrega (la segunda llegará en breve) de sus despachos desde Italia que incluye La muerte del capitán Waskow.

"El soldado de primera línea que conocí había vivido durante meses como un animal y era un veterano en el feroz mundo de la muerte; en su vida, todo era anormal e inestable", escribió el corresponsal. La propia vida de Pyle también lo era, inestable: dado a la bebida y a la melancolía, sufría mucho por su mujer alcohólica ("that girl"), con la que se había vuelto a casar después de divorciarse de ella. Detestaba la guerra, que padecía no sólo física, sino espiritualmente, y se preguntaba cómo alguien que hubiera sobrevivido a una podía "volver nunca a ser cruel con algo, nunca más". Antes de matarlo a balazos, la guerra casi lo mató varias veces de enfermedad y agotamiento, la fiebre del campo de batalla ("en lugar de hacerme más fuerte, como los buenos veteranos, me estoy debilitando y cada vez tengo más miedo"). Lo resumió en una frase digna de un poema de Keith Douglas: "Pronto no quedará de mí más que mi pala y un caso ligero de pie de trinchera" -algo que precisamente causó más bajas entre los GI´s que las Spandau, las MG42 alemanas-. Asediado por malos presentimientos, quiso volver a casa, pero el Ejército lo necesitaba tanto como a sus queridos GI´s y lo enviaron al Pacífico, y a la muerte.

***

Robinson fotógrafo

Antonio Muñoz Molina

Tichý. International Center of Photography. Nueva York. Hasta el 9 de mayo. www.icp.org

Sin moverse de su pueblo, Kyjov, una pequeña ciudad de provincia en Moravia, Miroslav Tichý, consiguió vivir como un náufrago en una isla desierta, un Robinson Crusoe cubierto con ropas que poco a poco se fueron convirtiendo en harapos, la cara escondida tras una pelambre salvaje en la que brillaban cada vez más los ojos sagaces y claros. Miroslav Tichý, que había sido un joven artista prometedor en Praga, hacia 1945, en el breve periodo de libertad después de la guerra, entre la derrota de los alemanes y la imposición del régimen comunista, conoció primero el naufragio del trastorno mental y luego del acoso político, pero en sus fotografías de juventud no hay nada que anticipe la figura de ermitaño y de afable misántropo que iba a rondar las calles y los parques de Kyjov desde los años sesenta. En las fotos de juventud, Tichý es un joven alto, de pelo rubio, con una franca cara eslava, con uno de esos trajes claros y holgados que visten en las películas de Hollywood los refugiados antifascistas del centro de Europa, Paul Henreid en Casablanca. Hacia 1968 la ropa que llevaba era una confusión de jirones asegurados con cuerdas y con trozos de alambre, y en una de las ocasiones en los que la policía lo encerró el informe sobre el estado de su higiene ocupaba unas sesenta páginas, e incluía el número de piojos que tenía en el pelo y la presencia, en un bolsillo, de una cucaracha viva.

A Miroslav Tichý la policía iba a buscarlo cada vez que había visitas de dignatarios comunistas a la ciudad o en vísperas de las fiestas oficiales, el 1 de Mayo, el aniversario de la Revolución Soviética. Él esperaba, sentado junto a una pequeña maleta en la que guardaba una muda de ropa, en el caos creciente en el que se había convertido con los años su vivienda diminuta, que era también su estudio de pintor y su laboratorio de fotografía. En un coche celular los policías lo llevaban al psiquiátrico penitenciario y allí se quedaba encerrado hasta que pasaban las fiestas o se iba el dignatario en visita oficial. Le cortaban el pelo y la barba, lo bañaban, le hacían cambiarse de ropa, y en cuanto salía a la calle empezaba otra vez el demorado naufragio. Lo que no le quitaron nunca fue su cámara fotográfica, quizás porque imaginaban que aquel artefacto hecho con cartones, trozos de plástico, carretes de hilo, chapas oxidadas de cerveza, elásticos de calzoncillos viejos, pudiera servir para algo, aparte de como distracción para las fantasías de un demente.

En su juventud, Miroslav Tichý había querido ser pintor. Admiraba a Matisse y al Picasso del periodo neoclásico: sus dibujos de mujeres, sobre todo, desnudos gráciles que estaban a medias entre la solvencia del dibujo académico y la instantaneidad en la observación de la vida. Como Degas, prefería dibujar de memoria, perseguir con la línea no lo que está delante de los ojos sino lo que ha sabido retener el recuerdo. En la Academia de Arte de Praga, con la llegada del régimen comunista, las modelos desnudas quedaron proscritas: el deber de los artistas sería desde ahora pintar recios obreros con monos de trabajo, alzando el puño, sosteniendo martillos.

En Praga la presión política era demasiado sofocante. Convenía más retirarse con cautela a la provincia de uno. Incapaz de instalarse en la conformidad, Tichý eligió ser un raro o un loco, entre ermitaño y bufón, un pordiosero que lograría su libertad de náufrago no pidiendo ni necesitando nada. Tenía un estudio y lo expulsaron de él y tiraron a la calle sus cuadros y sus cuadernos de dibujos. No correría peligro de que le sucediera de nuevo si dejaba de pintar. Para que no le quitaran otra vez su estudio la solución era no tenerlo.

Pero tampoco lo necesitaba. Todo dibujo ha sido ya dibujado; todos los cuadros están pintados ya. El dibujo, la pintura, el lienzo, el papel, eran compromisos, distracciones formales que lo apartaban a uno de lo único que de verdad tenía importancia, la realidad visible. La belleza a la que aspiraba el arte estaba en cualquier esquina, en medio de la calle: formas y líneas, contrastes, equilibrios de composición. Qué falta hacía una modelo, paralizada en gestos académicos, hastiada de permanecer inmóvil. En cualquier mujer más o menos joven que caminara por la calle o se sentara en un banco cruzando las piernas o quitándose los tacones para masajearse los pies doloridos estaba el catálogo de todas las artes; mujeres siempre vistas a una cierta distancia, quizás alarmadas por la aparición de la figura greñuda y familiar, quizás sonriendo con una cierta indulgencia divertida o tan absortas en sus pensamientos que no repararían en él, y menos aún en su cámara, muchas veces escondida entre los harapos.

Salía a caminar con la primera luz del amanecer y sólo regresaba a aquel cuarto que era más bien una madriguera en cuanto declinaba el sol de la tarde. Tomaba unas cien fotos diarias. Las fotos sucedían, sin que yo hiciera nada, sólo apretar el disparador. La lente era un trozo de plexiglás pulido con una mezcla de pasta de dientes y ceniza de cigarrillo. En las fotos ya reveladas se notan a veces las huellas de sus dedos sucios, las manchas de humedad del suelo en el que las amontonaba, las mordeduras de los ratones y de la polilla. Las enmarcaba a veces usando trozos recortados de cartón o subrayaba con un bolígrafo o una pluma alguna línea que hubiera quedado demasiado borrosa, o que a él le interesara resaltar. Las fotos no tienen títulos ni están fechadas. La tosquedad del procedimiento, la pobreza de los materiales, la prisa, el abandono, el efecto del tiempo, son atributos de su delicada extrañeza, del hechizo entre carnal y melancólico de la presencia femenina. Ni la ciudad ni el paisaje existen para Miroslav Tichý: sólo las mujeres, casi siempre un poco borrosas, por efecto de la distancia o del mecanismo rústico de la cámara hecha a mano, mujeres vistas de espaldas, caminando por una acera, sentadas en un café, con las piernas cruzadas y la falda por encima de las rodillas, tendidas al sol junto a una piscina, sonriendo desde el otro lado de una verja, bajando de un coche, intercambiando confidencias con las cabezas juntas, recogiéndose el pelo en la nuca, saliendo del agua con un deslumbramiento de sol en la piel morena, entrevistas de lejos cuando echan la cabeza a un lado antes de besar a un hombre. Filósofo en andrajos, como el Demócrito de Velázquez, con el que comparte la risa desdentada, Tichý asegura, incrédulo de que sus viejas fotos se vean por todo el mundo y estén ahora en una exposición en Nueva York, que todo no es exactamente el mismo sueño, el anonimato y la fama, las mujeres reales y las retratadas, fantasmas igualados por el paso del tiempo. Para tener éxito sólo es necesario hacer algo peor que nadie en el mundo, dice, muerto de risa, en un documental, bebiendo ron en un vaso opaco de mugre, como un Robinson Crusoe muy viejo que ya no abandonará su isla de basura.

***

El pensamiento de Albert Camus

Carlos Fuentes

Hijo de la luz y de la sombra. Joan Manuel Serrat. Sony / BMG. Sale a la venta el próximo martes día 23. La gira comenzará el 27 de marzo en Elche (Alicante). www.jmserrat.com.

El Nobel francés desarrolló sus ideas en contra de toda "ideología totalitaria". Su condición de escritor-periodista le permitió ver el terror como un correlato de la Historia, y su tensión entre lo inevitable y lo insustituible

Los hombres y mujeres de mi generación leímos ávidamente a dos autores franceses: Albert Camus y Jean-Paul Sartre. Contemporáneos entre sí, representaban para muchos de nosotros una modernidad conflictiva. Acaso Camus era mejor escritor

que Sartre, aunque éste nos diese obras como La náusea, Las palabras, los ensayos críticos de Situaciones y el gran estudio sobre Jean Genet, al lado de obras dramáticas que André Malraux consideraba "Teatro de Bulevar" y de libros filosóficos densos. Camus, en cambio, escribió novelas de estilo diáfano (El extranjero, La peste, La caída), obras de teatro discutibles y ensayos extraordinarios (El mito de Sísifo, El hombre rebelde ) que lo llevaron a separarse de Sartre, pues mientras éste denunció la invasión de Hungría y al estalinismo, propuso un marxismo "particular" adaptado a la realidad de cada país. Camus, en cambio, desarrolló un pensamiento opuesto a toda "teología totalitaria", consciente del absurdo humano y de las formas de la rebelión histórica, conduciendo a una reflexión sobre el terrorismo, de gran actualidad. Sartre y Camus: hermanos en la posguerra, enemigos en la guerra fría. Subrayo que Camus, ante todo, fue un periodista totalmente inmerso en la reconstrucción de los órganos de opinión pública franceses después de la guerra y de la ocupación nazi. Como director del diario Combat (digno de su nombre) Camus se negó a admitir que la prensa fuese refugio de "literatos reprimidos, filósofos amargados o profesores arrepentidos". El periodismo no era exilio: era reino, y en el reino de la prensa, lo efímero es lo que definía la condición humana. Los peligros del periodismo, según Camus, eran someterse al poder del dinero, halagar, vulgarizar, mutilar la verdad con pretextos ideológicos: el desprecio al lector. En cambio, una prensa libre, inteligente y creativa respeta a las personas a las que se dirige y cuando lo hace, es el oficio más hermoso. Le irritaba que alguien pudiese ser periodista y despreciar el oficio. Claro que ser periodista significa hacerse de enemigos. Mas ¿no es esto inevitable en una sociedad de "la malignidad, la denigración y la mentira sistemáticas"? Camus estaba muy cerca de otro premio Nobel de Literatura, François Mauriac, cuando éste declaraba que el periodismo "es el único género al que le conviene la expresión de literatura comprometida". Y añadía Mauriac que él no separaba el valor literario del valor del compromiso. Para Camus, periodismo era cultura y lo que degrada a la cultura conduce a la servidumbre. Señalo lo anterior para llegar al tema que obsesionó a Camus y que hoy está en el centro de la preocupación política nacional e internacional: el terror. Aplicado a la política a partir de la Revolución Francesa entre 1793 y 1794, el terror fue visto por Camus como un correlato de la historia. El hombre no nació para la historia, explicó Albert Camus, pero la historia nos impone deberes a los que no podemos negarnos. Uno de ellos es oponernos a quienes creen que poseen, absolutamente, la razón –los dogmáticos–y tratan de imponerla en nombre de la verdad. Pero la verdad, se pregunta Camus, ¿no es "misteriosa, huidiza y debe ser siempre reconquistada"? El pensamiento totalitario dice que no. La verdad ya existe y yo –Iglesia, Estado, empresa, partido– ya la poseo. ¿Y quienes la sufren? Camus toma partido no al servicio de quienes hacen la historia, sino a favor de quienes la sufren. El terrorismo es una forma extrema de dar la muerte y justificarla, conduciendo a las bodas sangrientas del terror y la represión. En nombre de la razón, el terrorismo abdica de la razón, pone la fuerza al servicio del mal hecho a los demás y representa una energía desviada y cruel. El terrorismo mutila a quien comete el acto y también al que lo sufre. Y Camus no obvia la verdad. Puede haber un terrorismo individual, pero también un terrorismo ideológico y religioso y un terrorismo de Estado. Que cada cual se ponga el saco que le convenga.

Hay una tensión permanente, nos advierte Camus, entre lo inevitable y lo injustificable. Es posible que el fin justifique los medios, ¿pero quién justifica el fin mismo? Esta gran cuestión política no la resuelve Camus. La plantea. Lo hace, claro, a partir de su condición de escritor-periodista, ensayista, novelista, autor dramático. Capturado – como todos – entre la voluntad de ser moral y todo lo que le impide serlo. Entre las ganas de ser dichoso y la imposibilidad de acceder a una dicha plena. Camus recibió el Premio Nobel de Literatura en 1957, a los 44 años, como si Estocolmo previese, apresurada, la breve vida del escritor. Porque su distancia de lo que entonces pasaba por ortodoxia (de derecha o de izquierda) le valió toda suerte de epítetos. Boy scout, moral de la Cruz Roja, escritor edificante, santo sin Dios, experto en coartadas, traficante de amigo, ahora enemigo, Sartre: "Camus escribe demasiado bien". Camus respondería que no se gana la justicia condenando a varias generaciones a la injusticia. Que existen la belleza y los humillados: ¿cómo serle fiel a ambos? Que más vale no agradar que doblegarse para quedar bien. Que la fama es un entierro prematuro porque niega el futuro y el derecho que todos tenemos de cambiar. Que no importa el tiempo que nos conceda la vida, sino cómo empleamos el tiempo.

Y que no nos podemos separar de la historia, pero la podemos enfrentar críticamente. Muy discutida fue la posición de Camus respecto a su patria natal, Argelia. El autor se ganó severos ataques por recordar que Argelia no era sólo musulmana, que no debía ceder ante los fanáticos y que al cabo era necesario vivir juntos y en paz o morir juntos y en guerra, acentuando la soledad de argelinos y franceses, así como la desgracia de ambos.

Superada por la historia tal disyuntiva, cabría hoy hacer la misma pregunta a israelíes y palestinos, pues la oportunidad de convivir, entender y abandonar el odio y la violencia son opciones constantes de la historia y la historia, nos recordó Albert Camus, es la tensión entre lo inevitable y lo insustituible.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Aviões da FAB podem retirar brasileiros do Chile, diz Lula

segunda-feira, 1 de março de 2010, 20:51 | Online


Aviões da FAB podem retirar brasileiros do Chile, diz Lula

Presidente disse que medida será tomada se necessário e prometeu ajuda ao governo chileno.



De Buenos Aires para a BBC Brasil - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira, que o Brasil poderá enviar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os turistas brasileiros que não conseguem sair do Chile por limitações no aeroporto de Santiago após o terremoto que atingiu o país no último sábado.

De acordo com o presidente, a medida será tomada apenas "se for necessário".

"A pista do aeroporto de Santiago está em perfeito estado. O problema não é esse, mas o prédio atingido. Mas quero dizer aos brasileiros que nossa embaixada está atenta e que, se for necessário, encontraremos uma forma de buscar os brasileiros aqui, com aviões da Força Aérea", disse o presidente.

As declarações foram feitas após a chegada de Lula a Santiago, onde se encontrou com a presidente do Chile, Michelle Bachelet.

Em uma coletiva de imprensa após o encontro, Lula reforçou seu compromisso de ajudar as vítimas do terremoto. Ele anunciou que a Marinha brasileira enviará um hospital de campana que deverá chegar na quarta-feira ao Chile. Além disso, o governo brasileiro deve ainda enviar máquinas de hemodiálise para atender aos doentes.

De acordo com o presidente, equipes de bombeiros e de resgate chegarão ao país nas próximas horas.

Lula disse que ainda não teve conhecimento da morte de nenhum brasileiro no terremoto de 8,8 graus que atingiu o Chile.

'Bom governo'

Lula desembarcou em Santiago após participar, em Montevidéu, no Uruguai, da posse do novo presidente, José 'Pepe' Mujica.

"Eu estava na posse do companheiro Pepe Mujica e liguei para a presidente Michelle Bachelet. E decidi vir logo dar a minha solidariedade e condolências às famílias das vitimas", afirmou.

Inicialmente, a previsão era de que Lula se encontraria com Bachelet somente no dia 11 de março na posse do presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera.

O presidente brasileiro disse que o Brasil "fará todo o necessário para que o Chile sofra o menos possível".

Segundo Lula, após o "bom governo" feito por Bachelet, ela e as vítimas "não mereciam esta catástrofe" no fim de seu mandato. BBC Brasil - Todos os direitos reservados.

É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Tags: chile, santiago, concepcion, terremoto, resgate, bachellet

Avião com equipe humanitária cai no Chile e mata seis

Por BBC, BBC Brasil, Atualizado: 1/3/2010 18:40

Avião com equipe humanitária cai no Chile e mata seis



"Estrago causado pelos terremotos no CHile"

Um avião de pequeno porte que levava uma equipe de cinco agentes humanitários para ajudar vítimas do terremoto no Chile caiu nesta segunda-feira em Tomé, no leste do país, matando os cinco passageiros e o piloto.

De acordo com o jornal chileno El Mercurio, os agentes eram funcionários da Universidade San Sebastián.

Segundo a Direção Geral de Aviação Civil (DGAC), a aeronave do modelo Piper PA 31, saiu do aeroporto de Tobalaba, em Santiago, com direção à cidade de Concepción - uma das mais atingidas pelos tremores - por volta das 12h30. O avião perdeu o contato com a torre de controle por volta das 15h10.

Oficiais da DGAC estão no local do acidente. Ainda não se sabe o que teria provocado a queda da aeronave.

De acordo com o governo chileno, o terremoto que atingiu o país no último sábado matou pelo menos 723 pessoas. Cerca de 1,5 milhão de casas foram danificadas e 2 milhões de pessoas foram afetadas pelo tremor.

BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.