sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pernambuco sem pré-sal ANP // Se houver petróleo no estado, será em terra ou no mar, mas não em águas ultraprofundas

Pernambuco sem pré-sal ANP // Se houver petróleo no estado, será em terra ou no mar, mas não em águas ultraprofundas

Micheline Batista
michelinebatista.pe@dabr.com.br

Salvador - É duro admitir, mas Pernambuco não tem e nunca terá o seu pré-sal. Simplesmente por uma questão geológica que remonta a 112 milhões de anos, época em que ocorreu a separação dos continentes.
No Nordeste, as esperanças de petróleo recaem sobre os estados da Bahia e de Sergipe, segundo avaliação da ANP. Foto: Arquivo/DN/D.A Press
A depressão que se formou entre o Brasil e a África, possibilitando o depósito dos sedimentos geradores do petróleo em águas ultraprofundas, alcançava da área que vai do sudeste do país no máximo até Sergipe e Alagoas. A camada de sal e, consequentemente, do pré-sal, acaba aí. Pernambuco, assim como os estados acima dele até a costa equatoriana, ficou de fora desse processo e nunca poderá contar com essa riqueza.

Se houver petróleo em Pernambuco, será em terra ou no mar, porém não em águas ultraprofundas. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) está prospectando possíveis jazidas próximo à divisa com Alagoas, na bacia Jatobá, e também no Araripe. Nos blocos marítimos, um consórcio formado pela Petrobras e a portuguesa Galp Energia realiza estudos sísmicos para tentar detectar a existência do cobiçado ouro negro, que poderá estar no máximo a dois mil metros de profundidade, enquanto que no pré-sal essa distância é superior a sete mil metros.

"A camada de sal vai até a bacia Sergipe/Alagoas. Pernambuco estava muito ligado à África há 112 milhões de ano, e acabou ficando de fora desse imenso depósito de rochas que se formou com a separação dos continentes e deu origem à camada de sal e ao pré-sal", explica o geólogo da Petrobras, Adali Spadini. No Nordeste, as esperanças recaem portanto na Bahia e em Sergipe. Segundo Spadini, existe uma expectativa positiva em relação ao campo de Jequitinhonha (BA), onde foi detectado sal em águas rasas. "Resta saber o que tem em água profunda. Não adianta achar apenas o sal, tem que ter o reservatório de petróleo abaixo dele", conta.

O que tornou a chamada província do pré-sal tão promissora, a ponto de pelo menos dobrar as reservas brasileiras, foi justamente a existência de um conjunto de fatores - rocha selante, rocha reservatório erocha geradora. Em termos geológicos, o sal é considerado um excelente selante, não permitindo que o petróleo escape das rochas. Essa província fica a cerca de 300 quilômetros da costa e se estende por 149 mil quilômetros, indo da Bacia de Santos, no norte de Santa Catarina, ao estado do Espírito Santo. Estima-se que as reservas do pré-sal se situem entre 11 e 16 bilhões de barris de petróleo, enquanto que as reservas provadas brasileiras estão em 14 bilhões de barris.

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