sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ficção e realidade se misturam na segunda noite do Festival de Brasília



(Foto: Divulgação)

26/11/2010 06h00 - Atualizado em 26/11/2010 06h00

Ficção e realidade se misturam na segunda noite do Festival de Brasília

Filho de Glauber Rocha exibiu ficção sobre aposentado no Rio de Janeiro. A rotina e as obssessões do cartunista Angeli foram tema de curta.

Jamila Tavares
Do DF TV

Cena de "Transeunte", de Eryk Rocha.



Não é novidade que as fronteiras entre ficção e documentário estão cada vez mais tênues no cinema, e os filmes exibidos na segunda noite da mostra competitiva do 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro reforçam essa tendência.

O longa “Transeunte”, de Eryk Rocha, acompanha de perto o renascimento de Expedito, um aposentado que perdeu o gosto de viver. “Ele está sem desejo, sem vontade de se relacionar com o mundo. Me pareceu curioso fazer isso no corpo de um homem velho”, afirmou o diretor em entrevista ao G1.

Filho de Glauber Rocha, Eryk é um premiado documentarista e está estreando na ficção com “Transeunte”, mas sem deixar de lado um forte vínculo com a representação da realidade na tela.

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Retratos da juventude são destaque na 1ª noite do Festival de Brasília 'Vou até morrer filmando', diz Carlos Reichenbach no Festival de Brasília “Não poderia ter feito esse filme sem ter feitos os documentários antes. A poética do filme incorporou a cidade como pano de fundo - a gente não fechou nenhuma rua, a gente jogava a cena dramática no espaço público. A realidade, o acaso transformou várias cenas que a gente fez. Os atores se misturaram com os transeuntes. É uma ficção amalgamada com o documentário, com o real.”

Os trabalhos como documentarista também influenciaram na escolha por retratar um anônimo, um personagem que começa o filme sem ser protagonista de sua própria vida. Em seus filmes anteriores, Eryk explorou a multidão, o anonimato da massa. “‘Transeunte’ foca em um indivíduo no meio dessa multidão e tem o desejo de entrar no corpo e na cabeça desse homem”, explicou.

Eryk nasceu em Brasília, mas mudou para o Rio de Janeiro com poucos meses de vida. Ele foi premiado com um Candango em 2006 pela montagem do curta “De Glauber para Jirges” e disse estar emocionado com a estreia no FBCB. “É emocionante apresentar um filme que está nascendo na cidade em que nasci. O lugar que a gente nasce diz muito sobre o que a gente é. E o filme fala sobre gestação, sobre nascimento.”


Cena de "Angeli 24 horas". (Foto: Divulgação)Angeli
Realidade e ficção também se encontraram no curta “Angeli 24 horas”, sobre o cotidiano de um dos cartunistas mais importantes do país. A diretora Beth Formaggini jogou luz sobre a obsessão de Angeli pelo trabalho e sobre o desafio diário que ele se propõe de ultrapassar as fronteiras da cultura pop e se renovar.

O mergulho no universo do criador de personagens icônicos como Rê Bordosa, Bob Cuspe e os Skrotinhos divertiu o público. “Cinema é invenção, é para pensar, para dançar. Agradeço ao Angeli que foi muito generoso e se expôs no filme" afirmou Beth antes da exibição do curta.

O outro curta da noite, “Contagem”, de Gabriel Martins e Maurilio Martins, também questionou os limites do que se convenciona chamar de realidade ao confrontar quatro versões diferentes sobre um fato que abala a tranquilidade do bairro Laguna, na cidade mineira de Contagem.

Na sexta-feira (26) serão exibidos o longa “Os Residentes”, de Tiago Mata Machado, e os curtas “Acercadacana”, de Felipe Peres Calheiros, e “Braxília” de Danyella Proença. A mostra competitiva do Festival de Brasília, que vai distribuir R$ 550 mil em prêmios, segue até o dia 29. Os vencedores serão anunciados no dia 30.

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